Pinheiro: apreensivos, moradores já não aguardam laudos para deixar suas casas

Publicado em 27/03/2019, às 15h44
Erik Maia/TNH1
Erik Maia/TNH1

Por Erik Maia com redação

Um dia após ter seus imóveis vistoriados, os moradores do Edifício Barcelos, no bairro do Pinheiro, em Maceió, começaram a deixar seus lares onde colecionaram amigos e histórias durante décacas.O TNH1 esteve na manhã desta quarta-feira (27) no Barcelos e em outros edifícios, e os moradores ouvidos relatam a necessidade de deixar o local antes mesmo de receberam laudos técnicos orientando a evacuação. Aos poucos, o bairro vai se transformando numa área desabitada, desde que tremores de terra abalaram o solo do bairro, em março do ano passado, prejudicando a estrutura física dos imóveis. 

O repórter Erik Maia conversou com alguns moradores do Barcelos, que fica na rua Basileu de Meira Barbosa, próximo a um dos pontos do bairro considerados mais críticos pela Defesa Civil.

Um dos moradores entrevistados, que preferiu não ser identificado, houve dificuldade para achar um outro imóvel para alugar. “Nós estamos indo para a Santa Amélia. Desde janeiro, quando começou a se comentar a situação do bairro, eu e minha esposa já conversávamos sobre sair daqui, aí ontem teve a vistoria do Ministério Público [MPE] e da Defesa Civil [DC]. Foi quando decidimos que não dava mais para ficar”, disse.

Edifício Barcelos. Foto: Erik Maia/TNH1

Nas proximidades da Rua Joaquim Gouveia de Albuquerque, um das ruas onde fica a igreja católica do bairro, a situação remete a um bairro fantasma, com ruas e imóveis vazios; veja no vídeo gravado na manhã de hoje:

A reportagem foi também ao Condomínio Espanha, na Rua Francisco Amorim. Lá conversamos com a síndica, Maria Aparecida, que agora gerencia um imóvel vazio. O local foi completamente evacuado ontem e hoje, única movimentação de moradores é para buscar algum pertence pessoal que foi deixado para trás.

“Nós temos cinco prédios, com seis apartamentos cada um. Ao todo são 30 unidades e estão todas desocupadas. Nós fomos um dos primeiros a evacuar, mesmo sem laudo. O pânico foi geral aqui”, disse ela. 

'RACHADURAS NO CORAÇÃO'

Síndica do prédio, dona Maria Aparecida diz que os prejuízos causaddos pela movimentação do terreno causou muito mais do que danos estruturais.

“Porque as rachaduras não são apenas no piso e nas paredes, elas são no coração, na alma. Na semana passada eu tive uma reunião com o professor Abel Galindo e o que ele me disse há um mês atrás ele não diz mais. Agora ele diz para sair, para ir embora. Eu, particularmente, não tenho mais esperanças de voltar para o apartamento”, desabafou.


Condomínio Espanha. Foto: Erik Maia/TNH1

Como os demais moradores, ela agora tenta recomeçar a vida num novo lugar e já sente o reflexo que o problema causou no mercado imobiliário da cidade.

“Cada um vai procurando se adequar, existem apartamentos na Ponta Verde, mas toda nossa logística é por aqui. Eu, como síndica, tenho que vir aqui, vez ou outra, por isso fui para Serraria, já que na Gruta não tem condições de alugar porque os apartamentos de R$ 1.000, estão custando entre R$ 1.600 e R$ 2.000. Saí de um apartamento de 130 metros para um de 55, então meus móveis estão todos aqui e vão continuar”, concluiu.

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