Pessoas negras não são fantasias: 8 dicas de como não ser racista no carnaval

Publicado em 21/02/2020, às 16h38
Foto: Yahoo
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Por Alma Preta/Yahoo

Uma festa de todos e para todos, o carnaval é uma das principais festividades do país. É um período onde todos se sentem mais à vontade para se expressar livremente. Mas, calma! Algumas coisas têm limites e é bom ficar atento e atenta.

Para curtir o feriado mais longo do país com consciência e não perpetuar atitudes racistas, o Alma Preta preparou uma lista para garantir que todo mundo curta da melhor maneira possível. Afinal, a Lei nº 7.716/89 também diz que o racismo é crime inafiançável.

Algumas coisas podem parecer simples, mas não são. Muitas pessoas ainda insistem em se fantasiar, por exemplo, usando uma peruca representando o cabelo crespo, ou até mesmo fazendo o que chamamos de “black face”. Então, fique sabendo: pessoas negras não são fantasias.

“O cabelo crespo tem a ver com nossa identidade, ele é uma extensão do nosso corpo, é uma parte que representa e comunica quem somos. Uma fantasia de carnaval subentende uma caricatura, algo engraçado. Nós não somos piada pra ser representadas de forma vazia e desrespeitosa, porque isso degrada o processo de luta por respeito em nossa sociedade”, diz Nina Vieira, integrante do coletivo Manifesto Crespo.

Para ela, movimentos e organizações, e também a sociedade de forma geral, precisam se atentar para isso nestas festividades como uma forma de educar. “Afinal de contas o racismo não é um problema do povo preto, é uma doença da nossa sociedade e um processo estrutural da nossa cultura”, diz.

Confira a lista do Alma Preta:

1. Não mande o amigo, colega, conhecido, desconhecido sambar só porque ele é negro

Negros não nascem “com o samba no pé”, afinal não existe um gene específico para essa característica no DNA humano. Não peça para a pessoa sambar só porque ela é negra, nem diga para um negro que souber sambar que “esse daí não nega a cor”. Isso é racismo.

2. Não chame as mulheres negras de Globeleza

As mulheres negras são diversas, têm diferentes tonalidades de pele, formatos de nariz, tamanho, peso, idade, e não são resumidas a uma única figura. Achar que negras e negros são todos iguais é uma das faces do racismo. A Globeleza também representa a exotificação da mulher negra, vista pela sociedade como objeto sexual, que fica a “disposição” de todos, especialmente no carnaval.

3. Homens negros não são apenas um pênis

A ideia de que os homens negros têm um órgão genital desenvolvido constrói um fetiche grande sobre eles durante o feriado festivo. Hipersexualizar homens negros e buscar o sexo com eles, afinal é carnaval, também é racismo.

4. Não toque no cabelo das pessoas

Não faça isso! Você está invadindo o espaço de uma alguém para fazer o que ela não te autorizou. Isso é desrespeitoso. Os cabelos crespo e cacheado são normais e você não tem que ficar verificando isso. Frases como: “Nossa, é macio!”, “Como você lava?”, “Dá trabalho?” são racistas. Ra-cis-tas!

5. Preste atenção nas suas fantasias

Durante a festa, fantasiar-se é normal, engraçado e bem-vindo, mas isso não significa que você tem que ser racista. “Fantasiar-se” de negro ou se pintar de preto para representar uma pessoa negra são manifestações racistas. O mesmo vale para fantasias como a de nega maluca, do ‘negão do whatsapp’, e mesmo perucas black power.

6. “Por que negros só fazem filhos no carnaval?”

Essa pergunta é comum e totalmente infundada. Negros, assim como brancos, indígenas, asiáticos, nascem todos os dias, durante todos os meses. É racismo reforçar o imaginário de que negras e negros só pensam em sexo.

7. Seja uma pessoa melhor: reveja sua abordagem

Nada de batucar com as mãos, como se estivesse tocando algum instrumento de percussão, para pessoas negras com o objetivo de fazê-las dançar, nem nada de chamar a mulher negra de “morena” e falar que ela tem a cor do pecado. Isso é racista e machista.

8. As marchinhas

Cantar marchinhas racistas, como a “Cabeleira do Zezé”, é reproduzir o racismo. Tudo o que deturpa a imagem do negro e reforça estereótipos negativos sobre os afro-brasileiros é racista, e, portanto, não é brincadeira.

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