Pesquisa global mostra o que está atrapalhando o sono feminino

Publicado em 28/03/2024, às 14h34
Foto: Reprodução/Freepik
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Por Estado de Minas

Uma pesquisa apresentada em Davos 2024 pelo McKinsey Health Institute e pelo Fórum Econômico Mundial mostrou que as lacunas de saúde entre mulheres e homens poderiam reduzir o tempo que as mulheres passam com problemas de saúde em quase dois terços. Um dos exemplos citados pelo estudo é o caso da endometriose, de acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS) estima-se que cerca de 190 milhões de mulheres em idade reprodutiva no mundo tenham o diagnóstico, o que demonstra um potencial para tratamentos na ordem de US$ 250 bilhões ao ano até 2040. Esse impacto financeiro está apoiado, sobretudo, na perda de produtividade e de rendimento resultante da doença.

Por isso, o ecossistema organizacional vem desenvolvendo produtos e serviços voltados às necessidades femininas, principalmente nas áreas de saúde e bem-estar. A estimativa é que essas inovações voltadas para a qualidade de vida feminina transformem a vida de aproximadamente quatro bilhões de mulheres em todo o mundo e adicionar uma média de sete dias de vida saudável às suas vidas a cada ano. Ao longo da vida, isso pode equivaler a mais de 500 dias cheios de vitalidade e bem-estar.

QUALIDADE DO SONO

Endometriose, cólica, enxaqueca - todos podem ser associados à saúde da mulher. Incluindo a menopausa. Quase 40% das mulheres experimentam a menopausa/ perimenopausa e, para elas,  os sintomas que a acompanham estão atrapalhando o sono de qualidade, destaca a Pesquisa Global do Sono da Resmed, de 2024, que entrevistou 18.389 mulheres. 

A apneia do sono, uma condição respiratória crônica que interrompe a respiração durante o sono, foi relatada por 25% das mulheres na perimenopausa no estudo. Isso foi particularmente prevalente em mulheres da Índia (39%), China Continental (36%) e RAE de Hong Kong (32%). 

"Durante a transição para a menopausa, muitas mulheres enfrentam uma série de alterações no padrão de sono que podem impactar sua qualidade de vida de forma significativa. Na fase pré-menopausa é comum surgirem problemas como fragmentação do sono, aumento dos despertares noturnos e uma sensação geral de piora na qualidade do sono. Estes sintomas podem ser agravados pela frequente ocorrência das típicas ondas de calor e suores noturnos, que são sinais clássicos da menopausa, explica Sofia Furlan, especialista em Fisioterapia Respiratória e Fisioterapia do Sono da Resmed. 

Além disso, é importante considerar que a diminuição dos níveis de progesterona, um hormônio crucial que estimula a musculatura respiratória, pode contribuir para o aumento da probabilidade de desenvolvimento de apneia obstrutiva do sono nesse período da vida. Outras mudanças hormonais, como a redução do estrogênio durante a menopausa, também podem afetar o ritmo circadiano, o sistema que regula os padrões de sono e vigília ao longo do dia. Isso pode resultar em dificuldades para adormecer, insônia e uma sensação de sonolência diurna. Todos esses fatores batem de frente com a necessidade de aumentar a produtividade, rendimento e atenção no mercado de trabalho e no dia-a-dia da mulher. 

É importante ressaltar que essas alterações no sono podem ter um impacto significativo na saúde física e mental das mulheres na menopausa, aumentando o risco de problemas como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e distúrbios de humor, como ansiedade e depressão. “Com o sono sendo o terceiro pilar da saúde, ao lado da dieta e dos exercícios, priorizar o sono é uma das maneiras mais eficazes de melhorar sua saúde geral”, diz Carlos M. Nunez, Diretor Médico da ResMed. 

Por fim, o estudo global levantou que 50% dos seus entrevistados (36 mil) aumentaram a concentração ao dormirem bem, 51% observou uma melhoria na produtividade e 44% sentiram uma diferença positiva na saúde mental. 

Sofia Furlan, lista algumas estratégias e mudanças de hábitos que podem contribuir na busca de um sono melhor da mulher durante a menopausa. Confira abaixo:

1- Estabeleça uma rotina de sono regular: tente ir para a cama e acordar todos os dias no mesmo horário, mesmo nos fins de semana. Isso ajuda a regular o relógio biológico e a melhorar a qualidade do sono.

2- Crie um ambiente propício para o sono: mantenha o quarto fresco, escuro e silencioso. Considere o uso de cortinas blackout e tampões de ouvido.

3- Gerencie as ondas de calor: use roupas leves e opte por lençóis e cobertores respiráveis. Um ventilador ou ar condicionado também pode ajudar a aliviar os sintomas das ondas de calor.

4- Pratique técnicas de relaxamento: antes de dormir, experimente técnicas de relaxamento, como respiração profunda, meditação ou alongamento suave. Isso pode ajudar a reduzir o estresse e facilitar o sono.

5- Evite estimulantes à noite: limite o consumo de cafeína e evite alimentos pesados, picantes ou gordurosos antes de dormir, pois podem causar desconforto digestivo e dificultar o sono.

6- Pratique atividade física regularmente: o exercício regular pode ajudar a melhorar a qualidade do sono. No entanto, evite atividades intensas perto da hora de dormir, pois isso pode interferir no sono.

7- Quando indicado, considere a reposição hormonal: Se os sintomas da menopausa estiverem afetando significativamente o sono e a qualidade de vida, converse com o seu (sua) ginecologista sobre a possibilidade de terapia de reposição hormonal. Isso pode ajudar a equilibrar os níveis hormonais e aliviar os sintomas.

8- Consulte um especialista em sono: se os problemas de sono persistirem, consulte um especialista em sono. Eles podem realizar uma avaliação abrangente e recomendar estratégias personalizadas para melhorar o sono durante a menopausa.

"É importante lembrar que cada mulher é única e pode responder de maneira diferente a diferentes estratégias. Portanto, é essencial experimentar e ajustar as abordagens até encontrar o que funciona melhor para você. Além disso, sempre discuta quaisquer preocupações de saúde com seu médico ou um profissional de saúde especializado para receber orientações adequadas", recomenda Sofia. 

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