O mistério envolvendo o aparecimento de fardos de borracha no litoral do Nordeste acaba de ganhar um novo capítulo. Estudo comandado por pesquisadores da UFC (Universidade Federal do Ceará) e da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) aponta que as novas aparições ocorridas entre julho e agosto deste ano formavam parte da carga de um segundo navio nazista.
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De acordo os pesquisadores, os novos fardos de borracha vieram do navio de carga alemão MV Weserland, naufragado pela Marinha Americana em janeiro de 1944.
Anteriormente, se concluiu que os primeiros fardos, que chegaram em 2018 e 2019 no litoral brasileiro, pertenciam a outro navio alemão, o SS Rio Grande, também naufragado pela Marinha Americana dias antes.
Agora, os pesquisadores estão na fase final de redação de um artigo científico sobre a nova descoberta.
A suspeita de que não se tratava do mesmo navio veio pela quantidade de novos fardos encontrados (mais de 200 entre Pernambuco e Bahia) e por inscrições em ideogramas japonês, o kanji —o que não tinha sido visto até então. Já os fardos encontrados anteriormente tinham inscrições da Indochina.
Outro ponto que intrigou os pesquisadores é que os fardos apareceram em Salvador, o que não ocorreu com os fardos do navio SS Rio Grande.
As caixas do SS Rio Grande apareceram no litoral do Nordeste entre 2018 e 2019 intrigaram por muito tempo moradores do litoral e pesquisadores.
O novo navio - O navio agora responsável pelos fardos foi lançado ao mar em 1922 e afundado em 3 de janeiro de 1944, deixando cinco mortos. Ele servia de transporte de material entre as Américas e a Europa durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) — e integrava uma rota era de países do sudeste asiático, sob domínio japonês. A embarcação foi afundada a 900 milhas náuticas, ou 1.666 km, a oeste das Ilhas de Santa Helena (território britânico entre América do Sul e África), segundo o Wreck Site.
Os pesquisadores já sabem que as fardos do navio têm as mesmas características do anterior: são caixas de borracha que seriam usadas pela Alemanha na guerra.
Além disso, esses navios carregavam metais nobres, e que hoje valem muito dinheiro. No caso do MV Weserland, havia uma carga valiosa de estanho. Já o cobalto era o metal precioso no caso do SS Rio Grande. Esses navios, inclusive, são considerados bombas-relógio no fundo do mar.
Segundo os pesquisadores, a busca atual pelos destroços do navio ocorre porque houve um salto no preço do estanho no mercado internacional no primeiro semestre de 2021. Isso, dizem, levantou a suspeita de que piratas estariam visitando o naufrágio na tentativa de recuperar essa carga.
Para embasar a teoria, os pesquisadores brasileiros contam que fizeram contato com o pesquisador britânico David Mearns, que confirmou a hipótese. "Ao contrário do SS Rio Grande, nunca havia sido registrado visita ao SS Weverland, mas a gente acredita que estão saqueando ele", conta o pesquisador Carlos Teixeira, do Instituto de Ciências do Mar, da UFC.
Com a informação, foram feitas modelagens matemáticas, que revelaram que se os fardos saíssem do local do naufrágio iriam direto para a costa dos estados da Bahia, Sergipe e Alagoas (estados onde foram encontrados mais fardos neste ano).
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