'Pegou a categoria dele em cheio', diz pai de alagoano da base do Flamengo

Publicado em 08/02/2019, às 17h50
Fabricio Yan | Reprodução / Instagram @fabricioyan10
Fabricio Yan | Reprodução / Instagram @fabricioyan10

Por Redação TNH1

A tragédia no CT do Flamengo, o Ninho do Urubu, na manhã desta sexta-feira (8), comoveu o Brasil, e em especial o mundo do futebol. Um incêndio no alojamento da categoria de base do time sub-15 matou 10 pessoas e deixou outras três feridas. Seis mortos foram identificados como atletas da equipe. O alagoano Fabrício Yan, que é jogador do Flamengo na mesma categoria, dormiu na casa dos pais, no Rio de Janeiro, e não estava no alojamento no momento da tragédia.

Fabrício Barros, pai de Fabrício Yan, relatou que o filho está muito abalado com a morte dos amigos. "Ele está arrasado. A gente estava no CT hoje pela manhã logo quando soube da notícia. Fomos para lá. Ele está arrasado até porque pegou a categoria dele em cheio essa tragédia", disse Fabrício a jornalista Nathália Lopes, repórter do Fique Alerta

Ao comentarista Marlon Araújo, do PSCOM, Fabrício contou como Yan chegou ao Rubro-Negro e como era a rotina do filho com os jovens amigos. 

"Ontem não houve treino. O Fabrício era do Fluminense há três anos e meio. Acho que você já sabe um pouquinho da vida dele. Ano passado, no início do ano, a gente foi convocado para o Flamengo aqui. Preferimos, junto aos empresários, tomar a decisão de vir. Ele está no clube desde o início do ano. Morava nesse alojamento que aconteceu o acidente, junto com esses mesmos meninos que vieram a falecer. São todos amigos muito próximos".

O pai disse que após um certo período, a família resolveu se mudar para perto do centro de treinamento, o que proporcionou a volta de Yan para a moradia com os pais. A mãe se estabeleceu no Rio de Janeiro, enquanto o pai viajava constantemente de Maceió para o Rio. 

"Ontem, uma hora da tarde, eles foram avisados de que não haveria treino, mas que ficassem no aguardo de algumas informações no grupo [de WhatsApp] deles. Quando deu uma hora da tarde, eles vieram com a notícia alegre de que treinariam no Maracanã, um jogo-treino para o teste do VAR (sigla do árbitro de vídeo em inglês), para as finais do Campeonato Carioca. Seriam eles que treinariam no Maracanã. Uma alegria só. Eles passaram ontem o dia só falando nisso, a madrugada só falando nisso. Tem no Twitter do Arthur, o Arthur 'tweetando' até 4h da manhã: 'Geral dormindo. Fui! Dormir!'. O Arthur que faleceu, que era de Volta Redonda. Ele só imaginava esse dia", se emocionou Fabrício Barros.

O pai de Yan afirmou que a tragédia poderia ser maior caso o treino do sub-15 não fosse cancelado ontem, devidos às fortes chuvas no Rio de Janeiro. 

"Inclusive, se hoje houvesse treino no CT do Flamengo, talvez a tragédia tivesse sido maior. Mas a categoria dele foi a mais abalada, já com seis mortes confirmadas. Porque a categoria dele não foi liberada devido a esse jogo-treino no Maracanã hoje, de uma hora da tarde, que eles iriam. Pegou de cheio a categoria dele. A gente bota na cabeça aqui que se não tivesse com condição de acompanhar nosso filho, ele estaria no meio desses meninos que ele morou junto esse tempo todo. É difícil. Seis mortes confirmadas. São todos de 2004. Os três que estão no hospital são todos (nascidos em) 2004. Porque justamente são da categoria que não foi liberada". 


Foto: Reprodução / Instagram

O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, falou aos jornalistas na manhã desta sexta-feira (8). O dirigente classificou o acidente como "a maior tragédia pela qual o clube já passou nos 123 anos de sua existência".

"Quando eles são liberados, ou eles vão para casa de familiares ou vão para casa. Porque um mora em Volta Redonda, que era o Arthur morava em Volta Redonda. Ou ficam aqui na casa de familiares e amigos. Eles não ficam muito no CT, entendeu? Eles têm a autorização dos pais para poder ficar nas casas dos familiares, amigos e vizinhos. Eles conviviam de 7h da manhã às 18h da noite. Treinavam no Flamengo, faziam academia no Flamengo. O Flamengo exigia que eles tomassem café da manhã juntos, até quem não era alojado tinha que ir tomar café da manhã no clube. Lanchavam no clube, almoçavam no clube, iam para a escola no clube. Era tudo dentro do clube. Estudavam dentro do clube. Plano de saúde, odontológico dentro do clube. Tudo lá, cara. O Flamengo dá uma estrutura absurda. Os familiares não mereciam isso, a gente não merecia isso, o Flamengo não merecia isso. O que eles fazem por esses meninos também... É complicado, irmão. Muito complicado o que está acontecendo, é difícil. E agora, segunda-feira ou terça, eles já iam ser colocados no novo CT que eles ganharam, que era o do profissional, a diretoria ia entregar a eles. Acontece uma tragédia dessa", revelou Fabrício Barros.


Fabrício Barros e o filho Fabrício Yan, quando jogava na base do Fluminense (Foto: Reprodução / Instagram @fabricioyan10)

"Agora é só confortar e pedir conforto a Deus para as famílias e seguir o sonho. Ele está na luta desde os 10 anos. A gente veio do Fluminense. O aniversário dele é no domingo. A gente ia chamar todo mundo aqui para casa, os moleques. Já estávamos conversando aqui. "E aí, Fabrício, vai chamar o Victor, os meninos aqui para casa? O Dudu, o Peterson?". É complicado. Segue um relato do que aconteceu, do que está acontecendo. Até para poder tranquilizar o pessoal de Alagoas aí, que torce por ele. Ele tem uma torcida grande aí, que acompanha ele desde cedo, gosta muito dele", comentou.   

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