Peças alternativas para carros custam até 70% menos do que as originais

Publicado em 02/07/2018, às 16h59

Por Redação


O mercado de reposição de peças automotivas é um dos poucos que cresce em tempos de crise.

Em 2015, o faturamento do setor teve alta de 5% enquanto as vendas de carros caíram 27%, segundo o Sindipeças e a Anfavea, que representam fornecedores e montadoras.

A conta é simples: quando os consumidores param de trocar seus veículos, a manutenção fica mais frequente. E, se o objetivo é economizar, vale procurar por alternativas para deixar o automóvel em dia.

A assistente social Patricia Paiva Charpinel, 40, optou por seguir a orientação de seu mecânico e instalar um catalisador comprado em uma loja de autopeças no seu Fiat Uno Way 2012. A peça custou R$ 750, uma economia de quase R$ 500 em relação ao cobrado na concessionária.

O preço mais em conta não significa qualidade inferior. Jefferson Oliveira, diretor da área de pós-venda da AEA (associação de engenheiros automotivos), diz que as mesmas marcas que fornecem peças para as montadoras também as disponibilizam em lojas e oficinas independentes.

Entretanto, nem tudo o que é oferecido no mercado de reposição tem qualidade. Oliveira orienta o consumidor a conversar com um mecânico de confiança, que poderá indicar quais são as marcas com os melhores produtos.

Peças que interferem diretamente na segurança precisam ter homologação do Inmetro, afirma o engenheiro. Se um jogo de pastilhas de freio não tem a certificação do órgão estampada na peça ou na embalagem, há risco de ter sido contrabandeada ou ser falsa.

Segundo dados da ABCF (Associação Brasileira de Combate à Falsificação), velas, cabos de ignição, rolamentos e lâmpadas estão na lista dos produtos automotivos mais contrabandeados.

"O motorista tem sempre que desconfiar dos milagres. Se a lâmpada custa R$ 10 e aparece uma por R$ 1, vai queimar em pouco tempo, a qualidade é ruim", diz Oliveira.

Para não se aborrecer, o consumidor precisa pedir a nota fiscal e o termo de garantia de qualquer componente, para que possa exigir a troca ou o ressarcimento em caso de defeito.

Se o carro estiver na garantia de fábrica, o dono deve verificar quais serviços podem ser feitos fora da rede autorizada sem que a cobertura fique comprometida.

Foi o que fez a advogada Flávia Bacha Meana, 43. Ela comprou frisos laterais para o seu Peugeot 2008 em uma loja independente e afirma ter pago R$ 120 nas peças, que custavam R$ 660 na concessionária.

Meana optou também por um módulo de fechamento automático dos vidros. O componente, que custava R$ 1.200 na autorizada, saiu por R$ 480.

A advogada diz que os itens não afetam a garantia do carro, já que os oferecidos pela loja Peugeot também não são originais de fábrica.

Em geral, a instalação de partes estéticas adquiridas no mercado paralelo não afeta a cobertura de fábrica e nem traz riscos ao motorista, mas pode interferir no valor de revenda do carro.

De acordo com Luca Cafici, diretor-executivo da InstaCarro, empresa que faz a intermediação de vendas de veículos, um sistema de som fora dos padrões originais do automóvel pode criar dificuldades no futuro.

"O consumidor pensa que o equipamento moderno vai elevar o valor do carro na revenda, mas acontece o contrário, lojistas valorizam o modelo original", diz Luca.

PEÇAS ENCONTRADAS EM LOJAS INDEPENDENTES

1- Vidros: Há lojas especializadas no fornecimento e instalação de janelas e para-brisas automotivos. Por ser uma área com poucos fornecedores globais, as peças encontradas fora das autorizadas têm o mesmo padrão das vendidas nas concessionárias. O motorista deve observar se a marca e a coloração são as mesmas do vidro danificado

2- Pneus e rodas: Trocar o conjunto original por um de dimensões maiores pode ser prejudicial ao carro. O ideal é manter as rodas e só substituir os pneus, respeitando as medidas. As montadoras trabalham com diferentes fornecedores e há chances de encontrar preços mais em conta nas autorizadas, em promoções

3- Lanternas e faróis: Lâmpadas de má qualidade queimam rápido e podem prejudicar a parte elétrica, mas também não é necessário comprá-las na concessionária. Escolha marcas reconhecidas e com certificação do Inmetro

4- Discos e pastilhas de freio: Esses componentes podem custar até 70% a menos em lojas independentes, mas o motorista deve seguir a orientação do mecânico sobre quais marcas são confiáveis e verificar se há o selo do Inmetro nas peças

5- Amortecedores: São peças de maior durabilidade -podem rodar por mais de 50 mil quilômetros- que influem na segurança do carro. Por isso, o motorista deve pesquisar preços das marcas originais utilizadas pela montadora. São facilmente encontradas no mercado independente

6- Radiador: O mais importante é respeitar o dimensionamento do sistema de refrigeração do carro. Há modelos em que o radiador de versões sem ar-condicionado custa menos e se encaixa em carros equipados com o item de conforto, mas existe o risco de superaquecimento do motor em dias quentes

7- Periféricos do motor: Velas e seus respectivos cabos estão entre as peças mais falsificadas. Caso seja preciso fazer a troca, o mecânico saberá diferenciar as boas das ruins

8- Escapamento: Carros produzidos a partir da década de 1990 têm catalisador, fundamental para o controle dos níveis de emissões. É a peça mais cara do sistema de escape do carro, mas há itens de boa qualidade no mercado de reposição, homologados pelas montadoras e com preço até 50% menor que nas concessionárias

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R$ 750
Foi o preço pago pela assistente social Patricia Paiva em um catalisador original para o seu Fiat Uno. Na concessionária, a peça custava R$ 1.200

30%
Das lâmpadas automotivas encontradas no mercado de reposição são falsas ou contrabandeadas, de acordo com a ABCF (Associação Brasileira de Combate à Falsificação)


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