Patrimônio de R$ 4 milhões e festa com autoridades: quem é o 'Dono da Cadeia' no CE?

Publicado em 10/06/2019, às 10h02
Cláudio Aritana foi o principal alvo da operação Laranjas | Reprodução / Vídeo
Cláudio Aritana foi o principal alvo da operação Laranjas | Reprodução / Vídeo

Por Com agências

Conhecido como o ‘dono da cadeia’, Cláudio Aritana Lopes Santos foi o principal alvo da operação Laranjas do Ministério Público do Ceará, deflagrada em maio. O estelionatário obteve uma fortuna de mais de R$ 4 milhões comandando golpes dentro de um presídio no estado.

Preso no ano de 2012, no presídio de Itaitinga em Fortaleza, Aritana articulava golpes pelo celular, como o do falso sequestro e de premiações que nunca existiram, dentro de uma cela com mais 12 ou 14 presos, cada um com um celular.

Segundo o Ministério Público, com a sequência de golpes, o preso adquiriu status e respeito entre os outros internos, e até mesmo de agentes penitenciários. Alguns, inclusive, chegaram a participar de festas regadas a uísque e cerveja dentro da prisão, todas promovidas por Aritana. 

Ele recebeu liberdade condicional após fingir bom comportamento na unidade, através de um programa de desenvolvimento de arte. Ainda conforme o MP, ele fraudava a presença nas aulas.

Gerente de shopping

De volta às ruas, o estelionatário voltou a praticar golpes ainda mais ousados, como quando ele fingiu ser gerente de um shopping em São Paulo, planejou uma falsa exposição com os lojistas e furtou joias de um dos estabelecimentos. Um furto sem ameaça ou violência. 

O Ministério Público afirma que Aritana é o chefe de um esquema criminoso que aplica golpes em todo o país. Ele foi condenado por extorsão, estelionato e ainda dois estupros. A pena total é de 49 anos.

Outros casos

De acordo com as investigações, todo o patrimônio obtido por Aritana foi conquistado em 18 meses com os golpes. Comparsas do lado de fora da prisão o ajudavam a cuidar do dinheiro e familiares eram treinados para aplicar os golpes. 

Entre os bens adquiridos com o dinheiro está uma casa lotérica em Fortaleza, comprada para ampliar os golpes. A partir da loteria, Aritana passou a saber detalhes de como funciona o empreendimento internamente, o que possibilitou fazer vítimas em outros donos de lotéricas pelo Brasil.

Em outro golpe, a vítima foi a Caixa Econômica Federal. Comparsas do preso fingiram ser superintendentes da agência e enganaram uma funcionária, que fez depósitos na conta da quadrilha. 

O esquema foi descoberto pelo banco, que ligou de volta para os criminosos. Durante a conversa, um dos membros da quadrilha provoca o gerente e diz “chamar a polícia pra quê? Você foi roubado, otário”.

Em junho de 2017, Aritana promoveu uma exposição de arte com festa, buffet e a presença de autoridades e da imprensa. 

“Achávamos que tinha sido com alguma verba pública, mas descobrimos, na verdade, que tudo foi pago por Aritana”, afirma o promotor Humberto Ibiapina. Na exposição, ele deu entrevista para um programa de TV.

Segunda prisão 

Com a liberdade condicional obtida através da exposição de arte, ele fugiu para São Paulo, onde foi preso em agosto de 2018 após realizar novos golpes. 

O Ministério Público do Ceará quer que ele cumpra o resto da pena pelos crimes que praticou no estado. Pede ainda que a Justiça bloqueie os bens que ele comprou aplicando golpes a vida inteira.

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