Por Eberth Lins com TV Pajuçara
Há dois meses, moradores de União dos Palmares viram a celebração de uma data festiva se transformar em um pesadelo. No dia 24 de novembro do ano passado, um ônibus com 48 passageiros despencou de uma ribanceira com mais de 400 metros na Serra da Barriga. Ao todo, 20 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas, algumas com sequelas irreversíveis.
Passados 60 dias, a reportagem da TV Pajuçara voltou à União dos Palmares, que relembra com saudade a memória de quem partiu e celebra com gratidão quem sobreviveu para contar detalhes da tragédia que marcou o Brasil no berço e nos mês da consciência negra.
O inquérito policial que investiga as causas do acidente também não foi finalizado pela Polícia Civil de Alagoas (PCAL) e o ônibus sequer foi removido do vale onde foi parar após despencar.
O procurador-geral de União dos Palmares informou à TV Pajuçara que a Prefeitura decidiu não arcar com os custos para a retirada do ônibus do local e explicou um dos motivos.
"Todos os órgãos de fiscalização que nos solicitaram informações, nós prestamos todas. Mas especificamente sobre a retirada do ônibus, nós entendemos, como Procuradoria do Município, que é interessante que seja executada pela Secretaria de Segurança Pública ao invés do próprio município. Como nós somos investigados, de uma forma ou de outra é necessário que seja feita a perícia no local, qualquer ação que o município for praticar retirando o ônibus pode causar algum problema, vou usar esse termo, na investigação",.justificou o procurador Alan Belarmino.
Débora Almeida é uma sobrevivente, mas infelizmente alguns parentes não tiveram a mesma sorte. "Perdi duas primas e uma sobrinha", lembra ela com tristeza. Ela, que é mãe de uma criança de apenas um ano, está acamada e impedida de voltar para o Rio de Janeiro, cidade onde mora e tem arcado por contra própria com os custos do tratamento. "Quem está bancando [ o tratamento ] é a gente mesmo, meu pai, minha mãe, meus esposo lá do Rio de Janeiro", conta.
Maria Helena perdeu duas filhas, as irmãs Thamires e Heloise, e fala da dificuldade em enfrentar os dias sem a companhia das filhas. "Quase toda semana tinha esse pôr-do-sol na serra e nunca aconteceu um desastre desse. Está sendo muito difícil, a gente só almoçava juntas, estou vivendo pela graça de Deus, porque não é fácil", lamenta.
A reportagem também ouviu a Secretária de Assistência Social do Município, que afirmou estar em dias com o suporte aos sobreviventes da tragédia que buscaram atendimento na pasta. "Aqui na Assistência Social todas as vítimas foram visitadas, foram feitos os levantamentos essenciais em termos de cestas básicas, medicações, cirurgias. Todas essas ações estão em dia em termos de município", alega Alane Menezes, titular da Assistência Social de União dos Palmares.
O TNH1 entrou em contato com a SSP - citada pelo procurador de União dos Palmares -, que adiantou que o ônibus ainda não foi retirado devido a dificuldade de encontrar um guindaste que consiga retirar o veículo na distância em que ele se encontra. A reportagem também tentou falar com a Polícia Civil, mas não conseguiu contato até a publicação desta matéria