Com mais de 300 pessoas internadas no estado (entre UTI e enfermaria) e milhares em todo o país, respiradores viraram um “artigo de luxo” após a pandemia do novo coronavírus. Mas o equipamento, crucial para o tratamento de pacientes com covid-19, não fugiu à lei da oferta e da procura de mercado, e acabou tendo o preço inflacionado. O resultado, afirma o secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, é que respiradores, que até o começo deste ano custavam cerca de R$ 50 mil, hoje não são adquiridos por menos de R$ 200 mil.
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Ayres se pronunciou sobre a cotação de preços do equipamento após uma afirmação do deputado estadual Cabo Bebeto (PSL), que divulgou um cálculo onde os respiradores comprados pelo governo federal custariam cerca de R$ 23 mil, e R$ 210 mil pelo governo de Alagoas. Após esclarecer os dados, o secretário afirmou ter conversado com o deputado, que prometeu intermediar o envio de respiradores para Alagoas junto ao governo federal.
“Na verdade, os respiradores nunca custaram R$ 23 mil, nem antes da pandemia. Fizemos a compra de 74 equipamentos entre setembro de 2019 e março de 2020 com o custo médio de R$ 50 mil. Porém, a partir de março, os respiradores, que em sua maioria eram fabricados na China, sumiram do mercado. Infelizmente, apesar da importância desse equipamento neste momento, o produto seguiu as regras do mercado, e tiveram preços inflacionados. Hoje, um respirador custa entre R$ 250 e R$ 300 mil, e mesmo assim, não tem no mercado”, afirma, categórico, o secretário.
“Por coincidência, e graças a Deus, tínhamos comprado esses respiradores pois estávamos nos preparando para montar os novos hospitais, inclusive o Metropolitano, que inauguramos amanhã, então estávamos montando esse parque tecnológico, que veio a calhar diante de toda essa necessidade que surgiu com a pandemia”, frisou.
Consorcio Nordeste "barateou"
Ayres explica, ainda, que os respiradores comprados com preço atual, portanto, mais caros, poderiam ter preços ainda maiores, caso não tivessem sido adquiridos por meio de consórcio com demais estados do Nordeste.
"Dos 9 estados da região, 8 participaram desse consórcio. Não fosse essa modalidade, o valor poderia ter sido ainda mais caro", garante.
Parceria com o governo federal
Sobre as informações divulgadas pelo deputado, o secretário diz que o momento não é de polemizar, e teria chamado o parlamentar para intermediar junto ao governo federal o envio de respiradores prometidos pelo Ministério da Saúde.
“Tenho uma ótima relação como deputado, e já conversamos. Esclareci os fatos a ele, que foi muito receptivo, inclusive se comprometeu a intermediar junto ao governo federal o envio de equipamentos, já que ele é da base do governo Bolsonaro no estado”, comemorou Ayres.
“Sou um técnico. Temos tentado ficar fora da discussão política. Nosso objetivo é salvar vidas, e para isso precisamos estar focados, sem desperdiçar energia com polêmicas”, concluiu.
Ifal prepara respirador que custará R$ 5 mil
Diante do aumento da demanda e do aumento do preço, iniciativas tentam produzir tecnologia para equipamentos com baixo custo.
Uma dessas ideias está em produção no Instituto Federal de Alagoas (Ifal), em Maceió.
O ventilador mecânico – batizado de ‘Respiral’ – , deverá chegar ao mercado com valor estimado de R$ 5 mil. É o que prevê os pesquisadores responsáveis. “A diferença é o preço de produção em relação aos do mercado. Em relação aos ventiladores de outras pesquisas, ele permite realizar configurações dos parâmetros necessários para atender a doença do paciente”, comparou Edison Camilo, que faz doutorado em engenharia industrial.
Os testes do ‘Respiral’ em humanos só poderão ser realizados após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A equipe já realizou simulações para analisar o desempenho dele em pacientes. “Fizemos um teste do equipamento com pequenos movimentos no ambu (respirador manual) e apresenta sensibilidade de reconhece-los”, explicou o professor do Ifal. O projeto também passará por certificação. Leia mais aqui.
Inauguração Hospital Hetropoliano
Nesta sexta-feira, 15, o governo entrega o Hospital Metropolitano de Maceió. A unidade, que teve a inauguração antecipada por causa da pandemia do novo coronavírus, começará a operar no sábado, (16). Os 160 leitos são exclusivos para o tratamento de pessoas que testaram positivo para Covid-19 e que serão encaminhadas pelas unidades de saúde que realizam os atendimentos iniciais.
O prédio, localizado no Tabuleiro do Martins, tem 30 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), 130 de enfermaria e está equipado com respiradores, monitores multiparâmetro, bombas de infusão, entre outros equipamentos.
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