O Cais da Alfândega deve ficar pequeno para a quantidade de pessoas que vão prestigiar o Rec-Beat hoje. Além de seu público habitual, o festival certamente atrairá uma multidão ávida para conferir o show de Pabllo Vittar, um dos nomes mais fortes do pop nacional, que encerra a segunda noite de maratona musical.
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Mas, como já é marca do Rec-Beat, antes da drag queen subir no palco o público terá a oportunidade de conhecer os trabalhos de artistas da cena alternativa e em ascensão. Quem abre a noite, às 19h30, é a DJ Kimberly Lindacelva, que também colocará som nos intervalos das apresentações.
Em seguida, às 20h, o destaque é o músico pernambucano Cássio Oli. Natural de Igarassu, ele se interessou ainda cedo pelos instrumentos de sopro e percussão, que são incorporados em sua música com uma pegada mais pop e contemporânea.
Às 21h, o trio curitibano Tuyo apresenta à plateia pernambucana suas músicas com misturas de afrofolk com percussão, beats, sintetizadores e bastante experimentação. Entre os sucessos da banda estão Amadurece e Apodrece, Terminal e Vidaloca, presentes nos dois trabalhos lançados pelo trio, o EP Pra Doer (2017) e o álbum Pra Curar (2018).
Outro artista em quem vale a pena ficar de olho é Getúlio Abelha. Nascido no Piauí, mas residente no Ceará, ele propõe uma experiência estética e sonora que preza pela pluralidade e criatividade.
Suas canções, além de uma forte verve irreverente, quase humorística, também carregam tons políticos. É o caso da recente Aquenda, que fala sobre a opressão das sexualidades que divergem da heteronormatividade.
“Ai meu deus/O meu filho de calcinha/ como é que eu vou explicar para as criancinhas?/ Oh, my god/Você pare de frescura/E vá ensinar para elas o que foi a ditadura/Isso sim é um problema, isso sim é uma sequela”, canta Getúlio na faixa.
De Pernambuco, Romero Ferro (que agora assina apenas como Ferro) apresenta sua nova estética e sonoridade, intitulada por ele de brega-wave. Ou seja: mescla as influências da new wave norte-americana e europeia dos anos 1980, com seus sintetizadores marcantes, ao brega pernambucano, especialmente no que diz respeito às composições.
Dessa fase da carreira, ele apresenta as canções Pra Te Conquistar e Acabar a Brincadeira, além de repaginar outras canções de sua carreira. Ele sobe ao palco às 23h10.
NÃO PARA NÃO
A apoteose da noite ficará a cargo de Pabllo Vittar, que deve fazer um show memorável às margens do Rio Capibaribe. A drag queen maranhense fará seu primeiro show aberto no Recife e tocará seus maiores sucessos.
No setlist, não ficarão de foras sucessos pré-fama, como Open Bar, que a revelou para a internet, e canções do primeiro CD, Vai Passar Mal, como os hits K.O. e Corpo Sensual.
Mas o foco devem ser as canções do álbum Não Para Não, lançado em outubro do ano passado. Mantendo a sonoridade pop mesclada a ritmos brasileiros, como o forró e o tecnobrega, Pabllo já emplacou os sucessos Problema Seu, Disk Me, Seu Crime e, agora, Buzina, que ganhou clipe futurístico nesta semana e tem tudo para ser uma das músicas do Carnaval ao redor do País.
Para além de ser uma superprodução pop, o show de Pabllo, cada vez mais, tem uma aspecto político de resistência. Não que esse discurso esteja necessariamente nas canções, mas o simples fato de termos uma drag queen como um dos nomes mais famoso do pop nacional, é muito simbólico.
Pabllo foi alvo de uma campanha difamatória intensa na internet durante a última eleição. Disseram de tudo: desde que seu rosto seria estampado em notas de cinquenta reais a que ela tinha ganho milhões da Lei Rouanet.
Pabllo manteve-se firme e seu sucesso, inabalável, inclusive com reconhecimento da mídia estrangeira sobre a importância de sua representatividade na mídia. Hoje, ela consolidará seu fenômeno com uma troca eufórica com o público recifense, em uma noite de respeito, tolerância e “fechação”.
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