É sempre legal quando um novo fóssil de dinossauro é descoberto pelo mundo, mas a notícia sobre a qual vamos falar a seguir é especialmente extraordinária. Isso porque, além de se tratar da descoberta de uma enorme quantidade de exemplares, os espécimes encontrados não só são incrivelmente raros e se encontram perfeitamente preservados, como alguns ainda contém embriões inteirinhos. E do que estamos falando exatamente? De centenas de ovos de pterossauro que foram achados na China.
Os pterossauros foram répteis voadores que desapareceram do nosso planeta há cerca de 65 milhões de anos, durante a Extinção do Cretáceo-Paleógeno. Tecnicamente falando, esses animais não eram dinossauros, mas, juntamente com os morcegos e as aves, eles estão entre os únicos vertebrados capazes de voar. Além disso, apesar de terem existido na Terra por mais de 160 milhões de anos, apenas três os ovos dessas criaturas haviam sido descobertos no mundo anteriormente, sendo duas unidades na China e uma na Argentina.
Descoberta sem precedentes
Os ovos foram encontrados em um sítio na China conhecido como Bacia de Turpan-Hami, situada em Xinjiang. Até agora, os paleontologistas coletaram 215 exemplares — 16 dos quais ainda contendo pterossaurinhos em seu interior —, mas eles acreditam que possa existir cerca de 300 unidades no local. Os pesquisadores também encontraram diversos esqueletos de pterossauros jovens e adultos, assim como do que eles acreditam ser de “recém-nascidos” que não vingaram, portanto, o time continua trabalhando arduamente nas escavações.
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Descoberta sem precedentes
O legal é que, com tamanha quantidade de exemplares em diversos estágios de desenvolvimento — de ovo a embrião, passando por animais quase completamente formados, esqueletos de pterossauros recém-saídos dos ovos, répteis jovens e adultos —, os paleontologistas poderão entender melhor o processo de reprodução, formação e crescimento desses bichos. Realmente, a descoberta desse “ninho” é extraordinária.
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E falando em ninho, os responsáveis pela descoberta — um deles, por sinal, é o brasileiro Alexander Kellner, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (aeeee, Brasil!) — acreditam que o sítio onde os ovos foram encontrados abrigava vários ninhos de fêmeas diferentes, uma vez que os exemplares apresentam diferentes tamanhos e estágios de desenvolvimento.
Janela para o passado
Até onde foi averiguado, os ovos descobertos são de pterossauros da espécie Hamipterus tianshanensis — animais cuja envergadura de asa chegava a quase 3,5 metros e que viveram durante o início do período Cretáceo. Os paleontologistas acreditam que esses répteis voadores lembravam os albatrozes atuais (só que com dentões pontiagudos e um cabeção alongado), provavelmente se alimentavam de peixes e animais marinhos e, aparentemente, não eram dotados de penas.
Descoberta extraordinária (Newsweek/Alexander Kellner/Museu Nacional da UFRJ)
Conforme mencionamos, entre os ovos coletados, 16 ainda contém embriões em seu interior — e, através de exames não invasivos, como a tomografia computadorizada, os cientistas já descobriram que entre os embriões mais completos, existem exemplares com ossos cranianos, um deles com a parte inferior da mandíbula completa e até uma asinha parcialmente formada.
As análises feitas até agora também apontaram que, na fase embrionária, a musculatura peitoral dos filhotes parecia pouco desenvolvida, indicando aos paleontologistas que os bebês pterossauro provavelmente não eram capazes de voar logo após sair dos ovos e precisavam ser cuidados de perto pelos pais — da mesma forma que acontece com os pássaros atuais. Por outro lado, os ossos das “coxinhas” dos embriões eram bem desenvolvidos, sugerindo que, apesar de não saber voar, os bichinhos eram capazes de perambular sozinhos pelos ninhos.
Olha um pterossaurinho ali (Newsweek/Alexander Kellner/Museu Nacional da UFRJ)
Os exames também sugerem que o tempo de incubação dos embriões podia durar até dois anos — o que é um tempo extremamente longo de desenvolvimento. E com relação aos ovos propriamente ditos, você reparou pelas fotos que muitos deles parecem “amassados”? Os cientistas encontraram uma quantidade considerável de deformidades e rachaduras nas superfícies e, com base nisso, eles acreditam que os pterossauros punham ovos com cascas finas e “moles” semelhantes aos que os lagartos de hoje em dia põem. Incrível, né?