Polícia

'Overdose': veja valores e quem furtava os remédios de câncer da Farmex do Estado

TNH1 com TV Pajuçara | 01/08/24 - 14h57

A operação 'Overdose', deflagrada nesta quinta-feira, 1º, pela Polícia Civil de Alagoas, identificou que funcionários de empresas terceirizadas eram cooptados para furtar medicamentos da Farmácia de Medicamentos Excepcionais (Farmex) do Estado. A organização criminosa, que teve nove pessoas presas na operação, mirava medicamentos utilizados no combate ao câncer e outras graves doenças e que custam mais de R$ 20 mil.  

As informações foram divulgadas em entrevista coletiva com autoridades da cúpula da Secretaria de Segurança Pública (SSP). 

"Pessoas que trabalham em empresas terceirizadas, contratadas pelo Estado, especialmente pessoas que trabalhavam na área de faxina/limpeza das unidades hospitalares. Pela facilidade que eles tinham de ter acesso aos locais onde esses medicamentos estavam armazenados, por conta da necessidade de realizar essas faxinas, eles se aproveitavam disso e furtavam os medicamentos", informou Gustavo Henrique Barros, Chefe-Geral de Inteligência da SSP. 

Ao todo, as forças de segurança cumpriram 10 mandados de prisão e nove de busca e apreensão nas cidades de Maceió e Marechal Deodoro. 

"Já numa atividade em cadeia, sincronizada dentro da organização criminosa, eles repassavam os medicamentos para receptadores intermediários, que repassavam para o líder e mentor da estrutura da organização. Quando os medicamentos chegavam às mãos do líder, ele repassava para os receptadores finais, entre os quais, proprietários de farmácias e distribuidores de medicamentos. A partir daí, os produtos que saíram de forma ilícita do Estado, eram comercializados. Um deles, inclusive, remetia parte desses medicamentos para São Paulo".

A Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO) foi responsável pela representação dos mandados junto à 17ª Vara Criminal da Capital, com base nas provas técnicas obtidas ao longo do curso das investigações. 

"A preferência deles era especialmente medicamentos utilizados para o tratamento de doenças raras ou graves, especialmente doenças oncológicas. Tendo em vista que são medicamentos extremamente caros. Para se ter ideia, um dos medicamentos identificados custa no mercado R$ 22.850,00. Outros custavam entre R$ 15 mil e R$ 19 mil. Eles davam preferência a esse tipo de medicamento. Um dos principais alvos dessas subtrações era a Farmex do Estado de Alagoas, a Farmácia de Medicamentos Excepcionais, que é a que contém esses medicamentos para doenças mais graves". 

A operação ganhou o nome de Overdose por fazer um paralelo com a prática de se expor a doses excessivas de uma determinada droga, medicamento ou outras substâncias, que leva o organismo a graves alterações, assim como o volume de fármacos furtados pelo grupo criminoso e o consequente prejuízo causado ao poder público e à sociedade com a ação criminosa. 

"Quem já teve problema de câncer na família, sabe o quão difícil é a luta contra essa doença. Essas pessoas, sem nenhum senso de humanidade, subtraiam esses medicamentos e, por conta disso, faltava a quem de fato precisava", desabafou Gustavo Henrique Barros.