O outono costuma trazer uma preocupação extra para pais e responsáveis de crianças em idade escolar. Nessa época, é frequente o aumento de casos de pediculose capilar, como é chamada a infestação por piolhos nos fios e no couro cabeludo.
Segundo a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), o quadro é mais comum no público infantil, que compartilha objetos e tem contato próximo durante brincadeiras e abraços. Adolescentes e adultos, porém, não estão imunes ao problema, que requer cuidados específicos.
A primeira medida, afirma Violeta Tortelly, integrante do departamento de Cabelos e Unhas da SBD, é tentar afastar o risco de infestação. A médica recomenda deixar os cabelos presos para dificultar a passagem do inseto e examinar ativamente o couro cabeludo, independentemente de coceira.
Não compartilhar roupas, toalhas e acessórios e evitar encostar a cabeça ou o cabelo em outras pessoas também são formas de prevenção.
Outro cuidado é prestar atenção aos sinais de coceira. Como nem sempre o ato de coçar ocorre em frente aos pais ou responsáveis, é importante verificar se há vermelhidão e pequenos arranhões no couro cabeludo e principalmente na nuca.
"Nem sempre é uma coceira absurda. Às vezes, parece que estão brincando com o cabelo, são coceiras leves. Mas é o primeiro sinal", diz Tortelly.
É logo nesse início que deve entrar o pente-fino, sempre após desembaraçar os fios e com cuidado para evitar que a busca se transforme em um momento de dor ou aflição. "Primeiro, é preciso desembaraçar o cabelo com o pente normal porque, quando existem nós, o pente-fino pode quebrar muito os fios, acabar machucando e tornar a situação um trauma para a criança", afirma a médica.
Caso o cabelo seja liso, o pente-fino pode ser passado tanto nos fios secos quanto molhados. Já nos cabelos afro e cacheados, a orientação é pentear os fios molhados e desembaraçados, se necessário após aplicação de condicionador.
Escovar os fios dessa maneira vai ajudar a remover os piolhos, mas as lêndeas podem permanecer. Para retirá-las, uma dica da médica é fazer uma mistura de 50% vinagre e 50% água morna. A combinação deve ser aplicada em todo o cabelo e otimiza a passagem do pente-fino.
Outra forma de lidar com as lêndeas é usar chapinha nos fios. Tortelly explica que a temperatura elevada mata os ovos, porém ressalta que a prática deve ser realizada sempre com o cabelo seco e com cuidado para não queimar o couro cabeludo. "É uma opção para ajudar aqueles pacientes que têm uma infestação seguida da outra, quando não conseguimos conter as lêndeas só com medicação."
Os remédios disponíveis no mercado, acrescenta a dermatologista, apresentam diferentes mecanismos de ação, e a indicação varia pelo maior ou menor potencial de alergia e pela dimensão da infestação. "Em geral, eu indico a medicação junto com as medidas de higiene porque é muito difícil ter certeza de que todos os piolhos e lêndeas foram removidos."
A médica afirma que os remédios são seguros, ao contrário de práticas como uso de inseticida no couro cabeludo, que podem provocar intoxicação. Passar óleo nos fios, como óleo de coco, também é uma medida que pode não surtir resultado.
Por fim, ela destaca que não basta cuidar do cabelo. É necessário lavar com uma escova todos os chapéus, bonés, tiaras e lenços utilizados no período. A limpeza é uma maneira de garantir a eliminação de qualquer parasita remanescente.