A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) decidiu enviar mais equipamentos para fortalecer a defesa antiaérea da Ucrânia, afirmou nesta sexta-feira (19) o secretário-geral da aliança militar, Jens Stoltenberg.
"A Otan fez um inventário das capacidades existentes (...) e há sistemas que podem ser disponibilizados à Ucrânia. Portanto, espero anúncios de mais remessas em breve", disse ele. O norueguês fez o anúncio no final de uma reunião por videoconferência na qual o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, também se pronunciou.
Zelenski descreveu o nível atual de ajuda estrangeira como "muito limitado" e disse que Israel não foi deixado sozinho para se defender durante o ataque aéreo do Irã no último sábado (13).
No encontro, os ministros da Defesa dos países da aliança "concordaram em fornecer mais apoio militar, incluindo defesa antiaérea", que a Ucrânia pede insistentemente para neutralizar os bombardeios da Rússia, que se intensificaram novamente nas últimas semanas. Os países estão em guerra desde fevereiro de 2022, quando Moscou invadiu o país do Leste Europeu.
Stoltenberg também saudou os esforços da Alemanha, que recentemente pediu aos países ocidentais para que transferissem sistemas de defesa antiaérea Patriot, de fabricação americana, para a Ucrânia. "Além do Patriot, há outras armas que os aliados [da Otan] podem fornecer, incluindo o SAM-T", disse o secretário-geral, em referência a outro sistema de mísseis.
Os países da Otan que não tenham equipamentos disponíveis comprometeram-se a fornecer apoio financeiro para a compra. Segundo o chefe da aliança, cada membro da aliança "decidirá com o que contribuirá".
"Os ministros reconheceram a urgência e prometeram apoio adicional em um futuro próximo", afirmou. "O que posso dizer é que a ajuda está a caminho", reforçou.
Ao tomar a palavra, Zelenski disse que a Ucrânia "não pode esperar" e que precisa de "sete sistemas Patriot adicionais" ou equipamentos equivalentes, informou seu gabinete. "É evidente que, embora a Rússia tenha uma vantagem aérea e possa contar com seus drones e foguetes, as nossas capacidades no terreno são infelizmente limitadas."
Segundo ele, o presidente russo, Vladimir Putin deve ser "trazido de volta à realidade". "Nosso céu deve se tornar seguro novamente. (...) E isso depende totalmente da escolha de vocês. Escolham se a vida é de fato igualmente valiosa em todos os lugares. Escolham se vocês têm uma atitude igual em relação a todos os parceiros. Escolham se realmente somos aliados", afirmou Zelenski.
A Ucrânia pede um aumento da ajuda em equipamento militar desde o segundo semestre do ano passado e, nos últimos meses, admitiu que está ficando sem capacidade operacional em termos de defesa antiaérea.
A Rússia intensificou os bombardeios na infraestrutura energética da Ucrânia nas últimas semanas, aumentando a pressão sobre Kiev à medida que forças mais numerosas e melhor equipadas de Moscou avançam lentamente no campo de batalha no leste do país. Segundo Zelenski, apenas este ano, a Ucrânia foi atacada por quase 1.200 mísseis russos, mais de 1.500 drones e 8.500 bombas guiadas.
Espera-se que a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos vote neste sábado (20) um projeto de lei que, se aprovado, liberaria dezenas de bilhões de dólares em ajuda militar para a Ucrânia após meses de atraso em decorrência de disputas entre republicanos e democratas na Casa.
"Ainda estamos aguardando novos pacotes de apoio dos EUA –o apoio americano já foi questionado por tempo demais. Qualquer questionamento à defesa da liberdade é uma resposta precisa para Putin –ele fica tentado a agir quando o Ocidente oscila", disse Zelenski.