Candidatos impedidos, opositores presos e desaparecimentos forçados são características do regime imposto pelo sucessor do também ditador Hugo Chávez.
Essa situação complica o presidente Lula (PT), pelo fato de o chefe do governo brasileiro defender maduro tanto quanto defendia Chávez, como explica a jornalista Madeleine Lacsko:
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“Sempre insistindo que a Venezuela é uma democracia, com eleições regulares, Lula sabia muito bem que estava lidando com uma ditadura. Ao longo dos anos, Lula apoiou Maduro, inclusive gravando mensagens de apoio para suas campanhas eleitorais. Em declarações recentes, Lula chegou a afirmar que Maduro precisava construir uma narrativa de que a Venezuela era uma democracia, como se democracia fosse uma simples história a ser contada, e não um conceito objetivo.
O que Lula não esperava é que Maduro perderia o controle da situação na Venezuela. Durante os mandatos de Hugo Chávez e nos primeiros anos de Maduro o regime mantinha uma estabilidade relativa, ainda que por meio de repressão e eleições fraudadas. No entanto, a situação atual é diferente. Maduro está num nível de nervosismo que o leva ao desespero.
Nos últimos anos, especialmente desde 2017, vimos uma série de protestos massivos contra Maduro. A resposta do regime foi brutal, com a polícia metralhando manifestantes, usando tanques contra o povo e prendendo milhares. A crise econômica agravou a situação, resultando numa migração em massa de venezuelanos buscando asilo, inclusive no Brasil. Esse cenário caótico tem se deteriorado até as ‘eleições’ que devem ocorrer domingo.
Maduro vem intensificando a repressão: candidatos impedidos, opositores presos, desaparecimentos forçados. A situação chegou a tal ponto que outros países começaram a se manifestar, sinal de que a situação foi longe demais. Maduro perdeu o controle sobre o processo eleitoral fraudulento que sempre utilizou para se manter no poder. Agora, ele teme que, mesmo com toda a violência e fraude, não consiga manter-se no comando.
Desesperado, Maduro inventou reivindicações territoriais sobre a Guiana, buscando anexar 70% do território do país vizinho. Esta é uma tática típica de ditadores em apuros: criar um inimigo externo para desviar a atenção dos problemas internos. Se a estratégia de Maduro falhar e ele enfrentar um levante ainda maior, potencialmente resultando em um banho de sangue, como ficará a posição de Lula?
Lula, que tenta se apresentar como defensor dos direitos humanos e pacificador mundial, buscando até um Prêmio Nobel da Paz, terá dificuldades em justificar seu apoio contínuo a um regime tão violento. Ele apoiou Maduro consistentemente, mesmo quando poderia ter influenciado positivamente a situação na Venezuela.
Lula se meteu em conflitos internacionais que não tem o poder de resolver, como Ucrânia e Gaza. Abriu mão, no entanto, de empurrar a Venezuela rumo à democracia e tinha poder para isso. Ao apoiar Maduro, passou a mão na cabeça de uma ditadura sanguinária e agora enfrenta as consequências desse apoio. Se a Venezuela entrar em um colapso completo, com derramamento de sangue e repressão exacerbada, como o ditador já disse com todas as letras, Lula terá que lidar com o que fez no verão passado.”
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