Óleo nas praias: fundações querem R$ 15 milhões do governo federal para pesquisas

Publicado em 05/11/2019, às 12h42
Cortesia Ibama
Cortesia Ibama

Por Erik Maia

O Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) vai solicitar, em nome das nove fundações dos Estados do Nordeste, R$ 15 milhões ao Ministério de Minas e Energia para custear as pesquisas sobre os impactos do derramamento de petróleo no litoral. Até o momento o óleo foi registrado em 342 localidades, de 114 municípios dos nove estados nordestinos. 

Além desse valor, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) também irá solicitar R$ 100 mil à Petrobrás, que dispõe de um fundo especial para pesquisa e desastres com petróleo.

A informação foi confirmada pela reitora da Ufal, Valéria Correia, durante uma entrevista coletiva ocorrida na Bienal para informar o resultado da reunião entre vários pesquisadores da Universidade.

Para o professor Emerson Carlos, que coordena a força tarefa dos professores para a investigação sobre óleo, essas verbas irão ajudar na avaliação desses impactos e tirar dúvidas sobre até onde vai a contaminação.

“Essa verba vai ajudar muito nessas pesquisas. Hoje nós estamos usando recursos de outras pesquisas nessa do óleo nas praias nordestinas. Além disso, o problema desse desastre terá que ser monitorado por vários anos, não será algo com solução imediata”, pontuou. 

Expedição Rio São Francisco

Já sobre os possíveis impactos do óleo no Rio São Francisco, o professor Emerson anunciou uma expedição com 60 pesquisadores, que irá percorrer o Velho Chico, em busca de vestígios de contaminação.

“Muita gente afirma que não há mais contaminação de forma visual, mas houve registro de contaminação por óleo em corais de praias em Pontal do Peba, e a cerca de 150 metros da foz do Rio São Francisco, mas não há nenhum estudo científico que ateste se essa contaminação é real”, informou.

A pesquisa deverá ocorrer entre os dias 18 e 27 deste mês.

“Nós iremos coletar até a 'alma' do rio. Isso porque já se fala, indiretamente, de impacto e contaminação, mas não há registro de manchas no leito do rio, o que não quer dizer que o óleo não tenha se depositado no fundo do rio, uma vez que ele se comporta de forma diferente em água salgada e em água doce”, explicou.

Ele explicou que uma expedição semelhante foi realizada no ano passado, quando os pesquisadores avaliaram a vazão, o assoreamento do rio e os níveis de contaminação por agrotóxicos, pesticidas e esgotos.

“Essa será a segunda expedição que faremos. Essa primeira expedição foi feita após um período de dois anos de estiagem, e servirá como parâmetro para a que estamos planejando”, afirmou.

A expedição deve embarcar em Penedo. De lá segue para Piranhas onde irá até Xingó e descerá o rio, em direção a foz.

“Serão 10 dias de pesquisa. Quase um dia e meio pro município, onde vaculharemos o leito do rio, coletaremos amostras de água, fauna e flora para dizer se há, ou não, contaminação”, concluiu.

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