Contextualizando

“A concentração da riqueza se converteu em instrumento de dominação política”

Em 14 de Setembro de 2023 às 17:50

Eurico Borba, ex-presidente do IBGE, no portal “Diário do Poder”:

“Aproximando-se mais um período eleitoral no nosso país, é importante refletir sobre alguns poucos aspectos definidores das opções para o exercício do voto. O voto é o instrumento maior da Democracia.

Nós somos culpados pela anarquia social e política que paira sobre a humanidade. Erramos muito na escolha dos nossos representantes, tanto no Poder Legislativo como no Poder Executivo. São eles os instrumentos democráticos insubstituíveis no trabalho de conquista do progresso e do bem comum.

As pessoas parecem desconhecer que qualquer ação humana, se não tiver sustentação num princípio ético, passa a ser iniciativa opressora ou inescrupulosa.

A atividade econômica concentrou a riqueza gerada nas mãos de alguns poucos, fruto da ganancia e do individualismo. A concentração da riqueza se converteu em instrumento de dominação política, direcionando as sociedades para onde quer que a classe dominante deseje, (o único segmento das sociedades que, hoje, sabe o que quer: a manutenção do poder econômico e político, maximizando os lucros, isolando para as periferias os pobres e os miseráveis).

A Democracia, nas últimas décadas, enfraqueceu-se ao não resolver as questões do uso correto do meio ambiente, da fome, do desemprego e da miséria que atingem mais de 4 bilhões de pessoas em todo o mundo. Também não coibiu o progressivo sutil controle exercido sobre os povos, pelas mais apuradas técnicas de marketing, (com base em enormes bases de dados e o uso da inteligência artificial), induzindo o consumo e o comportamento político submisso na aceitação do status quo, com a eleição de cidadãos servis à classe dominante, nos parlamentos, (o supremo poder), de todo o mundo.

É preciso voltar a sonhar com a vida coletiva solidária e justa, fundada em sistemas educacionais de qualidade para todos, com as Religiões históricas voltando a ser as mestras do ensinamento ético. É imprescindível a eleição de pessoas honestas e competentes, responsáveis e comprometidas com a promoção do bem comum e da justiça.

A outra alternativa, indesejável mas possível, seria a espera do grande conflito, sangrento e destruidor, entre os marginalizados e a classe dominante, quando a maioria dos miseráveis se revoltarem ao perceber que a situação social se tornou insuportável e que nada acontecerá para modificá-la, a não ser um radical movimento revolucionário, sem objetivos claros a serem alcançados, expressão de puro desespero com as atuais injustiças sociais que se agravam a cada dia.

Gostou? Compartilhe