O medo dos parlamentares – acreditem – era que Elmar Nascimento se tornasse uma espécie de Lira 2.0 assim que assumisse a presidência da Câmara: fiel no cumprimento de acordos, mas extremamente ríspido no trato com alguns parlamentares diante de determinadas contrariedades. Em resumo: Lira hoje é mais ‘aturado’ que respeitado. E as decisões do STF sobre o orçamento secreto dinamitaram ainda mais a influência do parlamentar junto aos seus colegas.
A questão é que os outros candidatos também não eram lá os mais populares entre seus colegas Marcos Pereira (Republicanos) e Antonio Brito (PSD) nunca foram uma unanimidade. Tanto pelas figuras em si quanto pelos seus partidos. O primeiro – embora bispo da Igreja Universal – era visto com ressalvas até mesmo pela Frente Parlamentar Evangélica; o segundo sempre foi apontado por deputados como um congressista sem pulso e personalidade para enfrentar certos ditames do Palácio do Planalto.
Neste contexto, aparece Hugo Motta (Republicanos-PB). Motta também não é o mais popular entre os demais colegas, mas ele é cria da ‘escola Eduardo Cunha’ da qual também saíram nomes como o próprio Arthur Lira e o ministro dos Esportes, André Fufuca. Em resumo: alto poder de negociação com o governo federal, mas sem ser necessariamente submisso a ele.
Após o lançamento da candidatura de Motta, começou uma intensa guerra de bastidores para minar a capacidade de articulação do deputado paraibano. Notas na imprensa, denúncias sobre suas ligações suspeitas, dossiês… toda aquela baixaria típica das eleições municipais. A disputa pela cadeira mais importante do parlamento virou uma luta de vale tudo.
Nesta semana, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e o presidente do União Brasil, Antoio Rueda, iniciaram uma frente para dinamitar a candidatura de Motta. No próprio PL, a bancada bolsonarista rejeita o parlamentar, mas dificilmente iria contra os ditames de Valdemar Costa Neto.
O fato é que se Arthur Lira imaginava que haveria consenso entre os deputados, esse consenso – ao menos neste início de setembro – e algo praticamente impossível.
Mas como se fala normalmente em Brasília: tudo pode acontecer. Inclusive nada.”