Número de mulheres presas cresceu 444% em Alagoas desde 2007

Publicado em 05/11/2015, às 09h59
Imagem Número de mulheres presas cresceu 444% em Alagoas desde 2007

Por Redação

Presídio feminino alagoano abriga 444% mais mulheres do que há sete anos (Crédito: Agência Alagoas)

Presídio feminino alagoano abriga 444% mais mulheres do que há sete anos (Crédito: Agência Alagoas)

O maior crescimento do Brasil na população carcerária feminina, no período de 2007 a 2014, ocorreu em Alagoas. Durante esses sete anos, houve um aumento de 444% da população feminina encarcerada.

Ainda assim, de acordo com os dados do Sistema Prisional alagoano, são apenas 210 mulheres em unidades prisionais no estado, número relativamente baixo, comparado com os mais de 3.500 homens presos. Mais de 70% das detentas estão em situação provisória.

A população masculina dentro dos presídios alagoanos cresceu 250% no mesmo espaço de tempo. Cerca de 60% são presos provisórios.

No Brasil, a população penitenciária feminina apresentou crescimento de 567,4% entre 2000 e 2014, enquanto a dos homens, no mesmo período, foi de 220,20%.

A informação está no primeiro relatório nacional sobre a população penitenciária feminina do país, divulgado nesta quinta (5) pelo Ministério da Justiça. O estudo Infopen Mulheres é baseado nos dados do último Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) e contém dados de 1.424 unidades prisionais em todo o sistema penitenciário estadual e federal relativos ao mês de junho de 2014.

Estados

Entre as unidades da Federação, São Paulo tem a maior população absoluta de mulheres encarceradas, representando 39% do total registrado em 2014. Em seguida está o Rio de Janeiro, com 11%, e em terceiro lugar, Minas Gerais, com 8,2%.

Nos estados do Paraná e de Mato Grosso, o número de mulheres presas apresentou queda no período. No Paraná, a redução foi 43%, enquanto em Mato Grosso a queda foi 29%.

Segundo o Infopen, a população prisional brasileira no Sistema Penitenciário em 2014 era 579.781 pessoas, levando em consideração as prisões estaduais e federais. Desse total, 37.380 são mulheres e 542.401, homens.

O estudo mostra que, em números absolutos, o Brasil está em quinto lugar na lista dos 20 países com maior população prisional feminina do mundo em 2014, atrás dos Estados Unidos (205.400 detentas), da China (103.766) Rússia (53.304) e Tailândia (44.751).

Perfil

A pesquisa traça um perfil da população feminina presa no Brasil e mostra que cerca de 50% têm de 18 a 29 anos. A maioria, duas em cada três presas, é negra.

Outro ponto analisado pelo levantamento é o motivo da prisão. “O encarceramento feminino obedece a padrões de criminalidade muito distintos, se comparados aos do público masculino. Enquanto 25% dos crimes pelos quais os homens respondem estão relacionados ao tráfico, para as mulheres essa proporção chega a 68%. Por outro lado, o número de crimes de roubo registrados para homens é três vezes maior do que para mulheres”, diz o texto.

Com relação à escolaridade, as mulheres apresentam condições melhores que a dos homens presos. Entre elas, 50% não concluíram o ensino fundamental, sendo que a taxa entre os homens é 53%. O índice de analfabetismo também é menor. “Apenas 4% das mulheres encarceradas são analfabetas, contra 5% dos homens; 11% concluíram o ensino médio, contra 7% dos homens”, acrescenta o relatório.

A população carcerária feminina não é formada apenas por brasileiras – “53% das mulheres estrangeiras no sistema prisional vieram da América, 27% da África e 13% da Europa. Os quatro principais países de procedência das mulheres estrangeiras encarceradas em junho de 2014 no Brasil são a Bolívia (99 mulheres), o Paraguai (83), a África do Sul (47), o Peru (35) e Angola (29)”, registra o relatório.

Segundo o Ministério da Justiça, o lançamento do Infopen Mulheres está ligado à primeira meta da Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional (Pnampe). A política foi instituída pela Portaria Interministerial nº 210/14, do Ministério da Justiça e da Secretaria de Políticas para as Mulheres. A criação e a reformulação de bancos de dados em âmbito estadual e nacional sobre o sistema prisional é meta do Pnampe.



Fonte: Com Agência Brasil


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