Novo exame de sangue pode prever parto prematuro

Publicado em 08/06/2018, às 18h31

Por Redação

Um exame de sangue em estudo mostrou ser capaz de prever o parto prematuro em 80% das mulheres de alto risco. Os resultados preliminares, publicados na revista Science, sugerem que a análise da atividade genética na corrente sanguínea da grávida pode dar indícios da possibilidade de um problema no futuro.

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), anualmente 15 milhões de bebês nascem prematuros (antes de 37 semanas de gestação) em todo o mundo, sendo a principal causa de mortes entre crianças menores de cinco anos – cerca de um milhão de mortes por ano. No Brasil, estima-se que haja cerca de 150 mil casos de parto prematuro todos os anos.

Além de prever a possibilidade do nascimento prematuro, a equipe de pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, afirma que o teste também consegue indicar a data do parto com a mesma precisão do ultrassom, exame utilizado atualmente para determinar a tempo gestacional das mulheres.

Parto prematuro

O estudo, que envolveu 38 mulheres, utilizou um teste que mede a atividade do RNA – material genético responsável pela produção de proteínas -, provenientes do feto, da placenta e da mãe, que circulam na corrente sanguínea.

Os pesquisadores começaram coletando amostras de sangue de mulheres grávidas semanalmente para verificar como os níveis de diferentes RNAs mudavam durante a gravidez e quais poderiam ser usados para prever a idade gestacional ou o parto prematuro.“Considerando que o RNA dá uma ideia do que as células do corpo estão fazendo em diferentes momentos, às vezes o RNA encontrado no sangue é indicativo do que está errado”, contou Mira Moufarrej, co-autora do estudo, à BBC.

Data do parto

O teste também foi usado para prever o nascimento pré-termo até dois meses antes do início do trabalho de parto. Ele foi realizado em dois grupos de mulheres diferentes. Segundo a análise dos dados, o exame de sangue conseguiu prever com precisão de 45% a idade gestacional, em comparação com 48% para ultrassonografia. “Estou muito animado com o potencial de tudo isso. Se pudermos usar o sangue de uma mãe para tornar os cuidados de saúde mais acessíveis para as pessoas que não têm acesso a ultrassonografia, esperamos que isso signifique bebês mais saudáveis e gravidez mais saudável”, disse Mira.

Apesar dos resultados promissores, o estudo ainda está na fase inicial e os resultados ainda precisam ser confirmados em ensaios maiores.

Estudos em desenvolvimento

Outro exame de sangue em desenvolvimento buscou estimar o risco de parto prematuro entre gestantes com e sem pré-eclâmpsia, condição caracterizada por pressão alta durante a gravidez e o parto. Segundo artigo publicado no Journal of Perinatology, o teste foi realizado em 400 mulheres durante o segundo trimestre de gestação, analisando 25 biomarcadores ou substâncias no sangue que representassem sinais de inflamação e ativação do sistema imunológico, assim como os níveis de proteína – todos indicativos de um possível risco de parto prematuro.

Os pesquisadores descobriram que a triagem desses biomarcadores, juntamente com a idade da gestante e a condição financeira, poderia identificar o risco de parto prematuro. “Nosso teste foi capaz de prever 80,3% das mulheres que tiveram um parto prematuro, entre 15 e 20 semanas de gestação”, disse Laura Jelliffe-Pawlowski, professora da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

Prematuridade e pré-eclâmpsia

O exame ainda conseguiu identificar 95% das mulheres que tiveram a prematuridade com pré-eclâmpsia antes de 32 semanas. “A capacidade de monitorar de forma não invasiva o desenvolvimento fetal e prever o risco de parto prematuro através de marcadores circulantes pode ter um grande impacto no monitoramento e no manejo da gravidez”, comentou Noelle Younge, professora assistente de pediatria da Duke University School of Medicine, nos Estados Unidos.

Por causa da previsão, a equipe foi capaz de indicar o uso de aspirina (em doses baixas) para ajudar a diminuir o risco de pré-eclâmpsia. A autora do estudo ainda comentou que o preço do teste – cerca de 50 a 100 dólares (R$ 189 a R$ 378) – também deve facilitar o acesso para que mulheres de baixa renda possam fazê-lo.

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