Pesquisadores americanos identificaram uma nova espécie de vespa parasitoide (Syntretus perlmani), que parece ter saído de um filme de ficção científica. Este inseto se desenvolve dentro de diferentes espécies de moscas-das-frutas (Drosophila spp.) vivas, rompendo seu corpo e formando algo semelhante a um segundo organismo. A descoberta foi registrada na quarta-feira (11) em um artigo na revista Nature.
LEIA TAMBÉM
A nova espécie foi encontrada de forma inesperada durante o estudo de moscas coletadas em quintais do estado do Mississippi, nos Estados Unidos, em 2023. Por serem parasitoides, as vespas S. perlmani de fato matam seus hospedeiros — ao contrário da maioria dos seres classificados como apenas parasitas.
Isso faz com que as predadoras sejam comumente usadas como um controle biológico natural de pragas. A descoberta é inédita, considerando que nunca havia sido registrada uma vespa que ataca moscas Drosophilas adultas.
“Todas as vespas parasitoides de moscas conhecidas atacam e se desenvolvem em estágios de vida imaturos”, diz Matthew Ballinger, autor do artigo, em comunicado. “Apesar de 200 anos de pesquisa sobre vespas parasitoides de Drosophila e outras moscas, nunca encontramos uma espécie que atacasse o estágio adulto, até agora”.
Segundo o portal Live Science, a fêmea da vespa Syntretus perlmani utiliza o seu ferrão para introduzir seus ovos no corpo da mosca. Ao picar o hospedeiro, ela alcança o abdômen e deposita os ovos.
Após a postura, o ovo se transforma em uma pequena larva que se desenvolve dentro da mosca em 18 dias, até que emerge rasgando o corpo do hospedeiro, levando à sua morte.
Inicialmente, os cientistas acreditavam estar diante de mais um mistério do reino animal. No entanto, armadilhas instaladas em áreas próximas ao local da primeira captura revelaram infecções causadas por S. perlmani em cerca de 1% dos machos de Drosophila affinis. Apesar da baixa taxa de infecção, esse número foi o suficiente para constatar a descoberta.
Em um momento seguinte, foram feitas análises de DNA de mais larvas de S. perlmani, além de estudos sobre o seu ciclo de vida. Em laboratório, elas eclodiam de seus hospedeiros, vagavam por algumas horas e, em seguida, se enterraram em substratos fornecidos pelos cientistas. Em seguida, passavam por uma fase de casulo, que durou cerca de 23 dias, até virarem adultas.
“Estamos animados para aprender mais sobre a nova espécie [de vespa] e esperamos que outros pesquisadores iniciem seus próprios projetos para entender melhor sua biologia de infecção, ecologia e evolução nos próximos anos", afirma o pesquisador Matthew Ballinger.
LEIA MAIS
+Lidas