Nascido em Piranhas, interior alagoano, o menino Giba já demonstrava a sua paixão pelo futebol desde criança. Ele, junto com seus amigos, costumava esperar o sol nascer para disputar o famoso “racha” nas areias que margeiam o Rio São Francisco. Apenas a bola era capaz de transformar o rosto daqueles meninos, que chegavam a matar aula para pôr em prática as suas habilidades com a redonda nos pés.
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Após despontar no futebol vestindo a camisa do Santa Cruz-PE, Gilberto nunca perdeu o faro de gol, e, logo de cara, assumiu a responsabilidade de goleador do tricolor pernambucano. Em seguida, conseguiu ser um jogador importante na maioria das equipes que representou. No ano de 2013, ele foi um dos artilheiros do Brasileirão pela Portuguesa-SP, e dois anos depois, foi artilheiro do Vasco-RJ durante o título carioca.
O atleta chegou a se aventurar pelo futebol canadense. Na última temporada, disputou a Major League Soccer (MSL), a elite do futebol do Estados Unidos. Atualmente, com 27 anos, o atacante acertou a sua ida para o São Paulo, onde estreou no empate de 1 x 1 no clássico diante do Corinthians-SP. Com contrato até o final de 2017, Gilberto espera se firmar no time paulista e sonha, com os pés no chão, com uma oportunidade na seleção brasileira.
Alagoano, o jogador não esqueceu as origens e sempre faz questão de curtir as férias junto de sua família no município ribeirinho. A saudade que deixa quando parte é a força que encontra para evoluir cada vez mais na carreira profissional. Gilberto bateu um papo com o portal TNH1, e é mais um entrevistado da série “Nossos Craques”.
Confira a entrevista na íntegra:
Portal TNH1: Gilberto, como foi a sua infância ligada ao futebol?
Minha infância foi muito boa. Eu jogava com meus amigos todos os dias e todas as horas (risos). Começávamos batendo uma bola à beira do Rio São Francisco pela manhã, por volta das 8h ou 9h, fazendo aquele futebol de areia. No período da tarde, jogávamos futebol de campo, e durante a noite, futsal em uma quadra da cidade. Fora as vezes que matávamos as aulas na escola para jogar mais futebol.
Quem eram suas referências no esporte?
Meus principais ídolos foram Romário e Ronaldo. Inclusive, acho que decidi ser atacante por conta deles. Mas também gostava muito do futebol do Bebeto, do Ronaldinho Gaúcho, do Roberto Carlos, do Kaká...
Você sempre atuou na posição de centroavante ou chegou a se aventurar em outra função nas categorias de base?
Sempre fui atacante de área. Uma vez, ainda jovem, atuando no campo do SESI, em Maceió, chegaram a me trocar de posição. Acho que acreditaram que eu poderia render em uma função mais recuada, já que no futsal atuava em uma posição diferente. Porém, não fui muito bem. No campo, segui o meu caminho como centroavante.
E como foi a sua ida para o Confiança-SE?
O Confiança veio fazer uma pré-temporada em Piranhas e o então prefeito da cidade, Inácio Loiola, que já tinha me visto jogar em um campeonato local, com 15 anos, disse para minha família que quando tivesse um time profissional por lá, ele pediria para eu realizar um teste. E foi o que aconteceu. Naquela época, o treinador do Confiança era o Laelson Lopes, e ele me deu a oportunidade. Consegui fazer o teste e acabei sendo aprovado.
(Crédito: Ascom São Paulo)
Gilberto, você surgiu no cenário nacional do futebol vestindo as cores do Santa Cruz-PE. Como foi a sua chegada ao clube e a ascensão ao time principal?
Cheguei em Recife no final de 2007. Fiz parte do elenco profissional do Santa Cruz já no ano seguinte, mas sempre sendo tratado como aquele jogador da base, que entra em um jogo ou outro. Em 2011, com a chegada do treinador Zé Teodoro, acabei ganhando mais espaço no “time de cima”. Ele apostou em mim e colocou para jogar. Deu muito certo e fomos campeões estaduais. Não só eu, mas outros jogadores da base acabaram sendo os grandes destaques daquela equipe.
Após as boas atuações no tricolor pernambucano, você foi vendido ao Internacional-RS. Considera boa a sua passagem pelo colorado?
Acredito que foi uma passagem discreta. Não tive muita oportunidade como titular e também vivia outro momento da minha vida. Eu tinha outra mentalidade, era uma pessoa muito sozinha na época, pois estava distante da minha família, e acho que isso pesou, mas nada além do normal.
Dentro do seu contrato, o Inter chegou a te emprestar ao Sport-PE. Você ainda é muito querido pela torcida tricolor, como foi atuar no grande rival do Santa?
Eu acho que não só a torcida do Santa, mas os torcedores do Sport também curtiram o meu trabalho no clube. Até porque eu fiz questão de respeitar cada clube em que atuei. As brincadeiras entre torcidas vão sempre existir, mas o profissional deve ter respeito pela entidade que te emprega. Naquela época foi meio complicado, pois o Inter queria que eu fosse, e eu, pela identificação com o Santa Cruz, disse que não queria. Mas, acabei indo e foi até bom para a minha carreira.
Após idas e vindas, você teve um novo destino em 2013, a Portuguesa-SP. Lá, se tornou um dos artilheiros do Campeonato Brasileiro. Acredita que foi um divisor de águas esse período?
Tive uma passagem muito boa na Portuguesa. Novamente não fui aproveitado no Inter e acabei sendo emprestado no meio da temporada. Acabei sendo muito decisivo naquele time e consegui, enfim, me firmar como jogador de Campeonato Brasileiro.
Vivendo uma grande fase, você foi jogar fora do Brasil, por onde ficou um ano vestindo a camisa do Toronto-CAN. Acredita que foi válido deixar o país naquela época que você vinha tão bem para atuar no Canadá?
Na verdade, eu tive sondagens de alguns times grandes, inclusive do São Paulo. Na época, o Milton Cruz, que fazia parte da comissão técnica do clube, entrou em contato comigo e perguntou se eu tinha interesse em atuar no tricolor. No mesmo instante eu já aceitei, porém as coisas não andaram entre o clube e o Internacional. Assim, o Toronto chegou, fez uma proposta e o Inter aceitou. Acho que foi bom pra mim ter ido para o Canadá. Com certeza eu cresci como jogador, adquiri uma experiência, e depois, quando voltei ao Brasil, já tinha uma bagagem diferente no futebol.
Em 2015, outra grande fase da sua carreira. Você acertou com o Vasco-RJ para a disputa da temporada e conseguiu ser um dos destaques do título carioca do clube após doze anos. Como foi aquele momento?
O Vasco não ganhava um título estadual há 12 anos e existia uma cobrança interna por isso. Foi um período muito bom, pois o grupo se uniu e conseguiu esse feito depois de muito tempo. A torcida vascaína me apoia até hoje. Inclusive, algumas pessoas ficaram felizes porque acharam que eu ia retornar agora, até não gostaram pelo fato de ter aceitado a proposta do São Paulo, mas a verdade é que não houve conversa com o clube. Eu segui a minha vida e o Vasco também seguiu a dele.
(Crédito: Ascom São Paulo)
Após atuar no Chicago Fire-EUA por um ano, você regressa ao Brasil para jogar pelo São Paulo. Como foi essa negociação?
A negociação com o São Paulo corria há dois meses, mas eu não sabia porque estava fora do país. Existia um começo de conversa com outras equipes, mas não andaram, pois de proposta concreta nada houve. O São Paulo é um time que eu sempre quis jogar, e quando me falaram do interesse, eu não pensei duas vezes. Fiquei muito feliz e fui logo dizendo sim.
Eliminado da Libertadores, o São Paulo tenta se recuperar no Campeonato Brasileiro. Como está o ambiente do clube? Você já se enturmou com o pessoal?
Apesar de nunca ter trabalhado com ninguém do grupo, tive uma boa recepção. O pessoal é gente boa e está sendo ótima a minha chegada ao clube. Espero que seja bem produtiva também e quero dar continuidade a isso.
E Seleção Brasileira é um desejo? Acredita que pode chegar lá?
Se um dia, o Tite achar que eu tenho condições de vestir a camisa da seleção, ele vai me dar oportunidade, porque é o perfil dele. Mas também vai ser pelo meu trabalho aqui. Conseguindo realizar uma boa passagem no São Paulo, tenho certeza que as portas estarão abertas.
Você chegou a atuar fora do Brasil, como já citamos, mas não na Europa. Também teria interesse em jogar no velho continente?
Eu não sei, pois tem que ser algo bom para mim e para minha família. Claro que é o sonho de todo jogador atuar na Europa, porém tenho que pensar no meu melhor e teria que ser bem produtivo para o meu futebol.
Em Alagoas, você nunca atuou profissionalmente. Tem o desejo de jogar por aqui em um eventual término de carreira?
Na verdade eu fiz um teste no CEO, de Olho d’Água das Flores. Passei na seleção, mas o clube não quis pagar os meus direitos federativos. Foi até bom para mim, porque acabei indo para o Santa Cruz e comecei minha carreira como profissional. Em Alagoas, eu sou torcedor do CSA, por conta do meu pai, que também é azulino. Também tenho um carinho pelo ASA, pela proximidade com a minha cidade natal. Mas meu objetivo é encerrar a carreira no Santa.
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