No Nepal, jovem morre sufocada por fumaça em ‘cabana menstrual’

Publicado em 05/02/2019, às 00h30
Cabana Menstrual/Ilustração | Reprodução
Cabana Menstrual/Ilustração | Reprodução

Por VEJA.com

A nepalesa Parwati Bogati, de 21 anos, morreu sufocada em uma “cabana menstrual” depois de ter acendido uma fogueira para se proteger do frio. Seu corpo foi encontrado por sua madrasta, que fora verificar como ela estava.

A jovem enfrentava o Chaupadi, período de isolamento ao qual são submetidas mulheres em período menstrual ou no pós parto, quando são tidas como impuras e sinais de má sorte. Elas são forçadas a sair de suas casas e são proibidas de tocar em homens, em símbolos religiosos e em alguns tipos de alimentos.

Esta é a quarta morte causada pela prática tradicional do isolamento somente neste ano. No início de janeiro, uma mãe e seus dois filhos também morreram intoxicados pela fumaça, quando enfrentavam o inverno nepalês.  O caso provocou revolta no distrito de Bajura, em que os moradores demoliram as cabanas usadas para o Chaupadi em seu vilarejo.

A madrasta de Parwati Bogati, Laxmi Bogati, disse ao jornal local Kathmandu Post que Bogati estava animada para a chegada desta segunda-feira, 4, que seria o último dia de seu período menstrual. À AFP, o porta-voz da polícia, Lal Bahadur Dhami, confirmou que a mulher morreu “por inalação de fumaça e sufocamento depois que fechou a porta da cabana, que não tinha janelas, e colocou fogo em parte do chão para se manter aquecida durante a noite.”

Além da exposição a temperaturas extremas nas “cabines menstruais”, as mulheres também ficam à mercê de ataques criminosos. Já foram registrados vários casos de sufocamento, e uma adolescente morreu depois de ser atacada por uma cobra.

A prática é ilegal no país desde 2005 e foi criminalizada em 2017, mas continua sendo popular em áreas rurais. Sob a legislação do Nepal, quem submete uma mulher ao isolamento pode ser condenado a 3 meses de prisão e uma multa de US$23.

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