Com o objetivo de preservar os equipamentos culturais da Universidade Federal de Alagoas, estão sendo elaborados projetos de restauração desde novembro de 2020, por meio do projeto de extensão Consultoria especializada para o desenvolvimento dos projetos de restauração dos equipamentos culturais da Ufal, desenvolvido pelo grupo de pesquisa Representações do Lugar (Relu), da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Ufal. Estão incluídos o Museu Théo Brandão (MTB), a Pinacoteca Universitária, o Espaço Cultural, o Museu de História Natural (MHN) e a Usina Ciência.
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O projeto de extensão é coordenado por Adriana Duarte, arquiteta restauradora e professora da Ufal, e conta com a colaboração da arquiteta do Museu Théo Brandão, Cynthia Fortes, Adriana Capretz, professora da FAU, e de alunos do curso de Arquitetura.
O primeiro projeto arquitetônico elaborado foi o do Museu Théo Brandão, cuja autoria é de Adriana Duarte e Cynthia Fortes. O edifício histórico, tombado pelo Estado de Alagoas desde 1983 teve o último trabalho de restauração há quase vinte anos, iniciado em 2000 e concluído em 2002. Cynthia afirma que o projeto aprovado pelo Pró-Memória (Diretoria da Secretaria de Estado da Cultura) seguiu os manuais do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e todas as normas técnicas vigentes. “A proposta buscou garantir as condições físicas adequadas para o correto funcionamento dos espaços museológicos, administrativos e de serviços gerais, com destaque para a norma de acessibilidade”, explicou a arquiteta.
Na realização do projeto do MTB foram consultados todos os funcionários individualmente para que expusessem o máximo de informações técnicas possíveis sobre as atividades que desempenham e sugestões para melhoria do ambiente de trabalho. Segundo as autoras, o projeto teve grande contribuição de profissionais que participaram da obra da restauração no ano de 2000, como o consultor de restauro e professor Mário Mendonça, da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (FAU/UFBA), e Josemary Ferrare, professora aposentada da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/Ufal) e uma das autoras do projeto original de restauração.
Adriana explicou que vários serviços restaurativos foram propostos com base em documentos históricos, como a restauração das esquadrias e ladrilhos hidráulicos de todo o prédio e a prospecção das colunas adossadas das varandas da cúpula, em busca de pinturas artísticas. As soluções espaciais tiveram ponto central na reorganização do setor de Museologia e na realocação dos ambientes das reservas técnicas e da Biblioteca para espaços com condições mais favoráveis à conservação do acervo. “A proposta busca reposicionar o MTB como equipamento cultural da Ufal e a serviço da sociedade alagoana. Pensa-se não somente o edifício em si como patrimônio arquitetônico, mas o envoltório que guarda o precioso acervo do folclorista Theotônio Brandão Vilela”, salientou.
Atualmente, a equipe do projeto de extensão está iniciando os estudos para desenvolver os projetos do Espaço Cultural e da Pinacoteca.
Novo Museu Théo Brandão
De acordo com Victor Sarmento, diretor do MTB, esse projeto arquitetônico é uma etapa de um projeto mais amplo do Museu, denominado “Novo Museu Théo Brandão”, cujo objetivo, além da preservação, inclui um novo projeto expográfico, a reestruturação de laboratórios e de setores administrativos, entre outros. Victor ressalta a importância do trabalho desenvolvido até o momento.
“Essa ação pioneira na Universidade, a junção do trabalho que as arquitetas vêm desenvolvendo, especificamente no Museu Théo Brandão, possibilitará conseguirmos orçamento, seja por meio da participação em editais, seja por emendas, porque somente com o projeto podemos buscar recursos. Isso traz esperança em uma total requalificação do Museu para que possamos ampliar as nossas pesquisas e atender ao nosso visitante de uma forma mais atual, com uma imersão interativa, digital, colocando o Museu em outro patamar”, disse Sarmento.
Sobre o projeto elaborado para o MTB, o pró-reitor de Extensão, Clayton Santos, ressalta o trabalho integrado das equipes do Museu, da Superintendência de Infraestrutura (Sinfra) e das arquitetas. “As equipes estão de parabéns por terem feito esse trabalho dessa forma, num prazo rápido, dada a complexidade da obra, conseguindo entregar um projeto muito consistente. Queremos ressaltar o empenho de todos que se envolveram com esse projeto, a equipe do Museu trabalhou com muito afinco e a direção do MTB liderou esse processo”, ressaltou.
O pró-reitor também destacou a importância desse trabalho: “Nós precisávamos ter o projeto porque só assim podemos pleitear recurso federal e, consequentemente, licitar e realizar as obras. Sem projeto, sem saber quanto custa e o que pretendemos fazer, fica impossível. Esse trabalho é vital para que possamos ter sucesso até a concretização da obra”.
A importância de dar continuidade à realização de projetos para os outros equipamentos culturais da Ufal foi ressaltada pelo pró-reitor: “Lembrando que esse projeto da restauração dos equipamentos começou no Museu, mas, neste momento, estamos planejando, fazendo os esforços para a realização dos projetos de reforma do Espaço Cultural. Logo após, queremos fazer os projetos do Museu de História Natural e da Usina Ciência”.
Busca de apoio
Santos afirmou que as articulações na obtenção de recursos para as obras do MTB já foram iniciadas. “Apesar de a Universidade estar passando por um processo de muita dificuldade financeira, com a diminuição do orçamento, o que vem impactando vários serviços, a Ufal não está parada e esse trabalho conjunto é a grande prova disso. Mesmo nesse cenário, tanto a Reitoria, com o professor Tonholo e a professora Eliane, quanto a Proex, nós estamos nos articulando, buscando apoio. Já apresentamos o projeto a alguns parlamentares da bancada federal, que se comprometeram a tentar viabilizar esse recurso na União. O valor é estimado em dez milhões de reais para a obra completa, tanto a parte física, quanto a expográfica”, salientou.
O pró-reitor explicou que os recursos podem ser obtidos via emenda parlamentar ou por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Nós já estivemos em uma reunião muito produtiva com o Iphan, que se mostrou parceiro na execução desse projeto. Estamos refinando essa parceria com o Iphan e com membros da bancada para que possamos ter esse recurso garantido e entregar o Museu totalmente reformado à comunidade”, disse Clayton Santos.
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