Murro em ponta de faca: adaptação livre da obra de Augusto Boal chega aos palcos da capital alagoana

Publicado em 25/11/2024, às 12h28
Alunos da turma do nível Intermediário II do Centro de Pesquisas Cênicas (CEPEC) dão vida ao espetáculo - Divulgação
Alunos da turma do nível Intermediário II do Centro de Pesquisas Cênicas (CEPEC) dão vida ao espetáculo - Divulgação

Por Assessoria

Murro em ponta de faca é uma obra de Augusto Boal que retrata as horrorosas facetas do exílio. Esta versão, adaptada pelo Centro de Pesquisas Cênicas (CEPEC), contará a história da ditadura militar a partir de uma perspectiva totalmente diferente. O espetáculo acontecerá nos dias 29 e 30 de novembro, respectivamente às 20h e 19h30, no auditório do Museu da Imagem e Som de Alagoas (MISA). Os ingressos custam R$60,00 a inteira e R$30,00 a meia, mas, todo mundo paga meia, e podem ser adquiridos com o elenco ou na bilheteria da escola.

A produção será estrelada pela turma nível de Intermediário II do CEPEC e os nomes de Anderson Costa, Antony Alan, Gabryel Galb, George Ferreira, Laura Maravilha, Levi Olegário e Querino Neto compõem o elenco de peso do espetáculo. Já nos bastidores, Claudemir Santos atua como diretor geral, diretor de movimento, na cenografia, sonoplastia e iluminação; Aldine de Souza como produtora geral e executiva; Yuri Oliver na preparação vocal e musical; figurino por Anna Clara Deschamps e maquiagem por Alexandre Nascimento.

Distante de seus lares, um grupo de pessoas vive um cotidiano de sentimentos mistos que alternam entre a ansiedade e a saudade causada por uma das experiências mais desumanizantes do ser, o exílio.

Essa versão especial do clássico, produzido pelo CEPEC, expõe as vulnerabilidades e a maneira em que os exilados lidavam com a distância, o modo em que eles resistiam e sucumbiam à saída súbita e forçada de seus países. Com um enredo de tirar o fôlego, a história promete arrancar risos, choros e espantos, além de escandalizar e refletir com cada personagem de maneira individual.

Segundo Claudemir Santos, diretor geral da peça, a narrativa abordará a difícil época da ditadura militar a partir do ponto de vista dos exilados, sobre como eles foram dominados pela solidão e pela saudade, como eles foram obrigados a seguirem suas vidas de uma maneira completamente diferente do que já estavam habituados, da maneira em que eles passaram a olhar para o Brasil com afeto e nostalgia, não com pesar e remorso.

“O que aconteceu com essas pessoas que tiveram que sair do Brasil por conta da ditadura? Como que eles estão vivendo? Essa peça mostra isso, somos sete personagens que foram exilados do Brasil e estão tentando sobreviver fora, estão juntos pelo acaso e dando o máximo para sobreviver”, afirmou Claudemir Santos.

Laura Maravilha, que interpreta Margarida, a única mulher do grupo de protagonistas, diz que sua personagem possui diversas nuances, reforçando a intenção do enredo em retratar todos os sentimentos possíveis que eles sentiram ao serem exilados.

“Marga (Margarida) é vaidosa, por vezes, egocêntrica e espalhafatosa, oscila entre uma ingenuidade que beira a ignorância política e intelectual (...). Vive as amarguras de suas perdas materiais com a partida do Brasil e o desprezo do Dr., seu marido, que também foi exilado. Penso que ela pode despertar simpatia e aversão na mesma intensidade.”, afirmou a atriz.

George Ferreira conta como seu personagem, Dr., enxerga a ditadura e como, mesmo exilado, continua repreendendo a luta e se sentindo superior aos outros, mostrando a forma em que a individualidade de cada um molda o pensamento em diferentes situações, mesmo quando eles sofrem as consequências dela. “Ele sempre se sente superior, pois considera o pensamento revolucionário dos outros (de querer lutar contra a ditadura) uma burrice. Para ele, o melhor a se fazer é ‘remar a favor da corrente”.

A proposta da peça gira em torno da nostalgia por estar em outro lugar, de sentir falta de casa apesar do contexto histórico da época, deixando de lado o sofrimento de ter que abandonar suas vidas como a conheciam. Segundo o diretor geral, a escolha de deixar o sofrer de lado veio do fato de que o sofrimento é intrínseco a todo o processo de despedida. Por isso, essa sensação é retratada em vários cenários da peça do que abordado pelas personagens.

“E que também está no figurino, alguns tons de vermelho justamente devido à violência que os personagens sofrem por não poder voltar”, disse o diretor.

A trama emocionante e envolvente promete transmitir o sentimento dos personagens para a plateia, fazendo com os espectadores partilhem da mesma sensação de quem precisou abandonar o lar e buscar refúgio em outro país durante a época da ditadura militar.

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