Mulheres comandam ‘Coisa Mais Linda’, nova série nacional da Netflix

Publicado em 22/03/2019, às 20h41
Maria Casadevall é Maria Luiza, uma empreendedora nos anos 60 na série 'Coisa Mais Linda', da Netflix | Netflix/Divulgação
Maria Casadevall é Maria Luiza, uma empreendedora nos anos 60 na série 'Coisa Mais Linda', da Netflix | Netflix/Divulgação

Por VEJA.com

Estreia nesta sexta-feira, 22, mais uma produção original brasileira da Netflix. Coisa Mais Linda é a sexta série nacional a entrar para o catálogo do serviço de streaming, reforçando um time que já conta com 3%, O Mecanismo, Samantha!, Vai Anitta e Super Drags. A novidade abre as portas de um 2019 que ainda promete receber muitos outros títulos “made in Brazil”, como o suspense fantástico O Escolhido, a ficção científica Onisciente, a comédia Ninguém Tá Olhando e o horror sobrenatural Spectros.

Mulheres na linha de frente
Coisa Mais Linda narra as desventuras de Maria Luiza, ou Malu (Maria Casadevall), uma paulistana de família rica que se muda para a capital carioca com a promessa de abrir um restaurante com o marido, que já mora no Rio. Ele, porém, desaparece sem dar satisfações e ainda leva todo o dinheiro da esposa. O que acontece depois, sob o sol escaldante de um Rio de Janeiro boêmio, machista e vivendo os primeiros dias da Bossa Nova, é a graça da produção da brasileira Prodigo Films.

Casadevall comanda a série com carisma e agilidade, mas não precisa encarar a tarefa sozinha. Ao longo de sete episódios, o público também conhecerá as histórias de Adélia (faxineira que se torna sócia do empreendimento de Malu, um bar com performances musicais à meia-luz), Thereza (uma jornalista que encara todos os dias a redação de uma revista voltada para o público feminino, mas feita quase completamente por homens) e Lígia (amiga de infância de Malu que sempre gostou de cantar e tem paixão pelos palcos, mas precisa manter o “decoro” de sua posição como esposa de um político em ascensão).

Discutir o “lugar da mulher”, a partir dos lugares reservados à mulher no Brasil dos anos 60, é portanto uma vocação clara da nova série, que tem potencial para falar fluentemente com o público feminino (e masculino, por que não?) de qualquer outro país, em qualquer idioma. A tarefa é cumprida com bom-humor, boas sacadas e boa música. Olhando mais de perto, a produção até parece usar o cenário de quase sessenta anos atrás como provocação para provar que, mesmo com todos os rótulos e “lugares marcados” da época, as mulheres sempre dão um jeito de estar na linha de frente.

Com a voz, o elenco

Em entrevista a VEJA, o elenco principal de Coisa Mais Linda — Maria Casadevall, Pathy Dejesus, Mel Lisboa, Fernanda Vasconcellos, Leandro Lima e Ícaro Silva — falou sobre o protagonismo feminino na série e destacou a necessidade de se “ouvir novas histórias”.

Silva, que interpreta o músico Capitão, refletiu sobre o peso do machismo nas vidas masculinas e criticou o ideal de “macho” que obriga meninos a esconderem suas emoções: “Pelo contrário, homem que é homem tem que saber lidar com seus sentimentos”, defendeu.

Lisboa, por sua vez, comentou a tendência de produções com mais mulheres nos papéis principais — elas estão em quase todas as séries nacionais da casa — e comemorou: “É preciso que haja várias produções fazendo esse tipo de movimento para que a coisa chegue a uma igualdade e que isso seja o padrão. O padrão é ser igual”.

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