MP pede relatório de atendimento do HGE a homem que morreu após ser baleado em estacionamento de shopping

Publicado em 31/01/2024, às 18h40
Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal

Por TNH1

O Ministério Público de Alagoas (MPAL) solicitou relatórios detalhados do atendimento a José Bernardo Correia Souto da Silva, de 45 anos, o homem que morreu após ser baleado no estacionamento de um shopping em Maceió. A Secretaria de Estado de Saúde (Sesau) confirmou, por meio de nota, que solicitou a abertura de um procedimento administrativo para apurar ações adotadas por profissionais que prestaram assistência à vítima. 

José Bernardo foi atingido por tiro na perna disparado por um policial militar no último dia 25, na área externa do centro comercial situado na parte baixa da capital. Segundo testemunhas, ele passeava no local na companhia do filho, uma criança de 8 anos, e foi baleado após ter um surto psicótico. A vítima do disparo chegou a ser socorrida e foi encaminhada ao Hospital Geral do Estado (HGE), porém não resistiu aos ferimentos e morreu sete horas depois da internação.

A família de José Bernardo questionou a demora do atendimento e a atuação dos profissionais do HGE. Devido às reclamações, o MPAL vai acompanhar o caso. "Porque se a gente tem uma questão que poderia ser simplesmente um disparo de arma de fogo e ele pudesse se recuperar no HGE, agora temos um resultado morte, que pode ser imputado sim por negligência, ainda que seja homicídio culposo, mas trazendo consequência para integrantes da saúde", disse a promotora Karla Padilha em entrevista concedida ao programa Cidade AL, da TV Pajuçara.

"Temos o inquérito policial instaurado e nós vamos acompanhar. Desde já, considerando a circunstância que traz um fato que refoge ao que nos interessava prioritariamente. Vamos oficiar o HGE para que ele remeta um relatório que a gente avalie de que forma se deu o atendimento do paciente desde o momento que ele entrou, pois ele estava com uma lesão com muito sangramento e foi trazido pelo Samu, com o transporte adequado para isso", continuou Padilha.

A promotora ainda reforçou a recomendação para o uso de armas não letais ou de baixa letalidade por parte da Polícia Militar. "Foi expedida a recomendação em setembro, inclusive o comandante-geral da PM cuidou de publicá-la em boletim geral ostensivo e isso significa que ele acolheu os elementos contidos nessa recomendação, e neles está explícito que toda a guarnição da PM que vai a rua realizar atividade ostensiva deve portar obrigatoriamente equipamentos de baixa letalidade, isto para evitar que se tenha resultado morte quando se podia simplesmente usar um elastômero ou uma teaser, ou outros armamentos que reduziria a capacidade reativa a pessoa agressora, e evitando um dano maior à vida", destacou.

O que diz a Sesau - Em comunicado à imprensa, a Sesau destacou que as medidas tomadas pelos profissionais vão ser avaliadas. O órgão de saúde reforçou ainda que José Bernardo foi atendido pelo Samu, que seguiu os procedimentos e protocolos para pessoas em surto ou agressão, e pelo HGE, que deu a assistência necessária.

"A Secretaria de Saúde do Estado de Alagoas  (Sesau) informa que o paciente foi prontamente atendido pelo Samu, seguindo os procedimentos e protocolos para pessoas em surto ou agressão. Após o atendimento pré-hospitalar, J.B.C.S foi encaminhado ao Hospital Geral do Estado (HGE), onde recebeu toda assistência necessária. A Sesau está solidária à família para qualquer esclarecimento e informa que solicitou a abertura de processo administrativo para averiguar as ações adotadas pelos profissionais que prestaram assistência no HGE", mostra a nota.

O caso - José Bernardo, de 45 anos, passeava em um shopping da parte baixa de Maceió juntamente ao filho, de 8, no dia 25 de janeiro. O que era para ser uma tarde de lazer terminou em morte. Momentos depois de ser baleado na coxa, a vítima deu entrada no HGE e faleceu na unidade de saúde por volta das 22h.

Uma câmera de segurança registrou o instante em que um policial militar atirou em José Bernardo, que estaria em surto. Nas imagens (veja mais abaixo), policiais e seguranças do shopping aparecem tentando contê-lo, para colocá-lo dentro de um ambulância do Samu. Ainda no registro, José Bernardo aparece resistindo à prisão. 

Em seguida, ele é levado para fora da ambulância, momento em que a câmera de segurança fica encoberta pelo veículo e perde a sequência da ação. Minutos depois, algumas pessoas aparecem correndo e se afastando da ambulância. Nesse momento, um policial aparece no raio da câmera com uma arma em mãos e apontada para o local onde estava José Bernardo. Na sequência, José Bernardo aparece caindo ao chão e sendo socorrido por uma equipe médica. 

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