MP denuncia comerciante por homicídio quadruplamente qualificado contra ex-mulher, em Murici

Publicado em 27/11/2023, às 11h54
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Por TNH1 com Assessoria

O Ministério Público do Estado de Alagoas (MP-AL) denunciou o comerciante Jeferson Marcos Timóteo da Silva por homicídio quadruplamente qualificado, por motivo torpe, meio cruel, sem chance de defesa da vítima e com o agravante do feminicídio. A denúncia foi oferecida na sexta-feira, 24.

Ele é acusado de assassinar a ex-mulher, Carla Janiere da Silva Barros, com cinco tiros no último dia 14, após discutir com a vítima dentro da loja que pertencia ao casal. A ação penal foi proposta pela promotora de Justiça Ilda Regina Reis, titular da Promotoria de Justiça de Murici. 

Segundo explica nos autos, Carla Janiere foi morta com “cinco projéteis de arma de fogo nas regiões escapular direita, ombro direito e face esquerda, sendo dois dos cinco disparos realizados à curta distância – queima à roupa”. A denúncia também levou como base o parecer técnico conclusivo quanto à causa da morte.

A mulher faleceu em decorrência de “choque hipovolêmico, ou seja, perda de sangue provocada por ação de instrumento perfuro-contundente, com emprego de meios insidioso e cruel, este caracterizado pelo disparo à curta distância contra a região infra-orbital da vítima, qual lhe causou deformidade na face”.

Relação abusiva

A ação penal revela detalhes do relacionamento abusivo vivido por Carla Janiere. 

“Não diferente, diante das declarações das testemunhas, inegável que o crime não só teve natureza doméstica e familiar, como também, fora motivada pela condição do sexo feminino, porquanto era notório entre populares que a vítima estava sendo submetida a um relacionamento abusivo, que ia desde agressões físicas à psicológicas, voltadas ao controle e submissão da vítima ao seu companheiro, ora denunciado. Infelizmente, a jovem empresária com futuro promissor, teve seus sonhos tolhidos, sua vida arrancada de forma brutal pelo próprio marido, que impunha submissão e subserviência ao mesmo”, diz um trecho da denúncia.

Os autos também trazem depoimentos de várias testemunhas e, uma delas, ao ser ouvida pela autoridade policial, contou que Jeferson Marcos pediu demissão da empresa onde trabalhava anteriormente para ficar trabalhando exclusivamente na loja inaugurada pelo casal dias antes da tragédia acontecer. 

As qualificadoras do homicídio

Jeferson está sendo acusado pelo MP da prática de homicídio quadruplamente qualificado. O motivo torpe foi comprovado porque o réu possuía intenso sentimento de posse sobre a vítima, de modo que, sem justa provocação dela ou razões prévias que justificassem o fato, praticou a conduta do homicídio.

O meio cruel foi evidenciado não só no número de disparos realizados, dos quais cinco efetivamente atingiram à vítima, como também no fato de que, embora já houvesse atingido a sua companheira com três tiros, o réu ainda atirou à queima-roupa contra o ombro e o rosto da ex-mulher.

Já o recurso que impediu a defesa da vítima também se fez presente, pois, sem esperar tamanha agressão do companheiro, Carla Janiere da Silva Barros viu-se detida dentro do próprio estabelecimento comercial, tendo sido agredida logo em seguida, sem qualquer possibilidade de se livrar do crime.

Por fim, o assassinato foi enquadrado com o agravante do feminicídio porque a vítima foi morta pela simples condição de ser mulher.

O caso 

Carla Janiere foi assassinada no dia 14 deste mês, dentro da própria loja, após o marido iniciar uma discussão com ela. Uma colaboradora que trabalhava no estabelecimento comercial contou à polícia que, após a discussão do casal, Jeferson começou a quebrar os móveis e a se comportar de maneira ainda mais agressiva. 

Em seguida, ele foi ao seu veículo e retornou ao local com uma arma de fogo, tendo segurado a vítima pelo pescoço e efetuado o primeiro disparo. Os demais tiros vieram na sequência. A funcionária ainda acionou o SAMU para prestar socorro à Carla, porém, quando a equipe chegou, ela já estava morta.

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