Um dos maiores historiadores de Alagoas faleceu nesta sexta-feira, 10 de fevereiro. O professor Luiz Sávio de Almeida, escritor, historiador e professor emérito da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) faleceu hoje aos 80 anos de idade.
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Os horários do velório e sepultamento ainda não foram divulgados.
Foram décadas dedicadas à cultura, a educação pública e a historiografia de Alagoas. Professor Sávio deixa um legado dos mais relevantes na pesquisa alagoana com vasto material resultado de pesquisas sobre o indígena e a política nordestina.
No currículo acadêmico, Sávio de Almeida era graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal de Alagoas (1965), mestrado em Educação - Michigan State University (1973) e doutorado em História pela Universidade Federal de Pernambuco (1995).
Sempre rodeados de amigos, professor Sávio marcou a historiografia alagoana e do meio acadêmico local.
HOMENAGENS AOS 80 ANOS
Em 2022, aos completar 80 anos, o aniversário do professor foi comemorado pela Ufal com a reedição da obra clássica, Memorial biográfico de Vicente de Paula, o capitão de todas as matas: guerrilha e sociedade alternativa na mata alagoana, escrito e apresentado por ele, com edição das editoras das universidades Federal e Estadual de Alagoas, Edufal e Eduneal.
Na ocasião, a Ufal fez um registro que diz muito sobre o pesquisador e o homem Luiz Sávio de Almeida:
Resgate do homem e da obra
Tão sábio quanto modesto e tão alegre quanto ferozmente defensor de minorias. Luiz Sávio de Almeida é facilmente adjetivado por conhecedores das suas obras ou amigos íntimos. Os registros em livros que ele já deixou como arquivos históricos de Alagoas montam um acervo, mas é a pessoa do Sávio que deixa as mais importantes marcas para quem tem algum tipo de troca com ele.
“Conheci o professor quando ainda era graduanda de Comunicação Social da Ufal. Desde então, essa amizade só cresceu e se solidificou. Recolho essa lembrança antiga para destacar uma qualidade que considero essencial num professor pesquisador universitário e da qual, certamente, o professor Sávio é um detentor: capacidade para reunir em torno dele jovens pesquisadores de áreas diversas, generosidade no compartilhamento de informações, empatia e acolhimento na escuta de interesses de pesquisa e aposta em jovens talentos - valores caros à prática da formação universitária”, evidenciou a professora do Instituto de Ciências Sociais, Raquel Rocha.
É também uma lembrança do período de academia que a professora Stela Lameira destaca: “Quando lembro de Sávio, vem-me à mente uma foto que nunca fiz: a daquele homem sentado em uma ‘pracinha’ do antigo CHLA [hoje Ichca], na Ufal, às vezes, sozinho, às vezes, ‘arrodeado’, ou à espera de colegas e amigos como quem partilhasse de um parlatório – esse é um quadro vivo em minha memória e que eu situo como o lugar de encontro entre o intelectual e o homem em sua ‘escutatória’ – para mim, a ‘pracinha de Sávio’”, recordou a ex-diretora da Edufal.
“Tenho a alegria de conviver com sua generosidade intelectual, perceber a humanidade em meio às ideias que fervilham e que intimam a participar. Porque quando o telefone toca – não manda mensagens – já sei que mais uma missão irrecusável do professor Sávio chegou!”, brinca a Lídia Ramires, que também esteve no comando da editora e pôde estreitar o contato com o historiador.
Com dezenas de obras publicadas pela Edufal, o professor Sávio encontra na equipe muito mais que profissionais para colaborar com seus escritos. Muitos são leitores por afinidade e apreciadores por entusiasmo.
“O professor Sávio, além de ser esse intelectual de renome e um pesquisador que sempre traz relevantes contribuições para a sociedade, é um ser humano afetuoso, simples e atencioso que leva alegria por onde passa”, destacou a gerente da Edufal, Diva Lessa.
“É um querido e importante intelectual alagoano! Sua pesquisa contribui grandemente para formação da história e da cultura de Alagoas! Com sua postura peculiar em defesa dos mais pobres e que se reflete nas tantas páginas que acompanhei – e acompanho – para ser publicada na Edufal”, completou a coordenadora editorial Fernanda Lins.
Aquele homem que sentava na pracinha do antigo CHLA já ouviu e foi admirado por muita gente ao longo dos seus 80 anos. E, até hoje, preserva o que a professora Stela descreve que ele tem para estar rodeado de quem sempre quer ouvi-lo: “intelectualidade e amorosidade, com ares de leveza e acolhimento”.
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