Para celebrar a alta médica do menino Guilherme Gandra Moura, de 8 anos, que passou 16 dias em coma em um hospital da Zona Oeste do Rio, o torcedor mirim do Vasco da Gama foi recebido no Centro de Treinamento do clube, em Jacarepaguá, também na Zona Oeste, no fim desta manhã para acompanhar o treino dos jogadores do clube.
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Guilherme saiu de Itaguaí, cidade em que mora com a família, acompanhado dos pais — Estevão Moura e Tayane Gandra — e do irmão Antonny, o Tonny, para conhecer os jogadores da equipe, que volta a campo no domingo, quando enfrenta o líder Botafogo no Estádio Nilton Santos (Engenhão). Usando óculos escuros, ele, ao avistar a bandeira do Vasco no CT Moacyr Barbosa, logo disse quem são os jogadores que mais quer encontrar.
— Pec e Figueiredo — afirmou Gui, citando os dois atletas do elenco que o visitaram enquanto esteve internado.
O momento de alegria na vida de Gui também parece ter trazido sorte ao seu clube do coração. Após a visita do atacante Gabriel Pec, registro em vídeo que atingiu a marca de 12 mil visualizações na conta do jogador, quando uma camisa autografada foi entregue ao menino, o Vasco pôs fim a um jejum de 10 jogos sem ganhar no Brasileirão, quando venceu o Cuiabá por 1 a 0 no último dia 26, véspera da saída de Gui do hospital.
— Hoje ele veio mais para conhecer os jogadores, para o Guilherme passar energia para todo mundo. A primeira (vez) deu certo, porque não agora? — observou o pai de Gui, Estevão Moura, após o próprio filho confirmar que quer seguir dando sorte ao time.
A entrada em campo com os jogadores, no entanto, deve esperar. O clube foi punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), determinação que impõe jogos sem torcida por 30 dias após cenas de vandalismo na derrota para o Goiás em São Januário, no último dia 22.
Com epiderme bolhosa, condição genética autoimune e sem cura, que causa ferimentos na pele, Guilherme foi induzido ao coma para auxiliar na sua respiração, por um quadro de pneumonia. Ao todo, foram 22 dias internado. Para o pequeno herói, que conquistou a web com os vídeos emocionantes compartilhados no Instagram, o momento não é novo: já são 23 internações e 8 cirurgias na bagagem.
A alta contou ainda com escolta da Polícia Rodoviária Federal entre o hospital e sua casa, ocasião em que também recebeu um kit de agente mirim, com miniaturas de viaturas e um boné da força de segurança, que usava quando deixou a unidade de saúde.
Entenda o caso - Guilherme, de 8 anos, que viralizou na web após acordar de um coma e abraçar a mãe, Tayane Gandra, após 16 dias de internação na unidade semi-intensiva de um hospital na Zona Oeste do Rio. O garoto teve epidermólise bolhosa — uma condição genética autoimune e rara que provoca graves ferimentos na pele. Ele teve alta na terça-feira e foi recebido em festa na casa da família em Itaguaí.
A epidermólise é uma doença rara que acomete crianças desde o nascimento e pode causar lesões no tecido externo e em mucosas de dentro do organismo. Nos Estados Unidos, sua incidência é de 20 casos para cada 1 milhão de nascidos vivos. No Brasil, fala-se em quatro a cada 1 milhão de pessoas. E a condição requer uma atenção de longo prazo. É o que diz Vanessa Barroso, médica que acompanhou o menino em algumas das 23 internações num hospital da Barra, Zona Oeste do Rio.
— Além do que pode apresentar na pele, que é visível, outro desdobramento é o das lesões internas: no esôfago, na mucosa bucal. Não são áreas expostas. Gui, por exemplo, já teve lesão de esôfago. E o órgão sofreu estreitamento. Isso dificulta a alimentação, a absorção de nutrientes. Por isso, se faz necessária a gastrostomia em alguns casos — frisa a especialista, sobre um dos métodos para fortalecer a dieta do paciente, que recebe um tubo no estômago para sonda alimentar.
A doença pode causar impactos na vida do paciente, muitos deles crianças. Guilherme, após alta médica, seguirá com atendimento periódico com pediatra, dermatologista, fisioterapeutas e mais integrantes de uma equipe multidisciplinar. Esse grupo inclui, ainda, psicólogo, já que há situações em que a autoestima da criança fica abalada. A realidade do menino de Itaguaí é de amparo e assistência, diferente da que vivem outras pessoas no país. No caso do menino que emocionou milhões de pessoas no Brasil, uma peculiaridade colabora para a melhora: o otimismo.
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