Ainda em meio à dor de perder a filha, Gilvanete Correia dos Santos, a mãe da manicure assassinada por engano ao ser confundida com uma amiga em Penedo, presta sua última homenagem em frente ao corpo da jovem nesta quarta-feira, 16, durante o velório de Carolaine na residência da família. Na tentativa de ser forte e encarar o luto, a mulher, que trabalha em um colégio do município, contou, em entrevista ao programa Cidade AL, da TV Pajuçara, que agora espera por Justiça e que os assassinos sejam penalizados por tirarem a vida da jovem manicure.
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"Ela era uma menina de bem, de ouro, uma manicure que trabalhava pelos quatro filhos, com meu apoio, que sou a mãe dela. Nunca esperei essa morte trágica dela. Espero que a Justiça tome providências", disse emocionada a dona Gilvanete, que é mãe de Carolaine e de outra mulher, além de ter cinco netos, sendo quatro deles filhos da manicure.
Carolaine foi assassinada por engano em Penedo (Crédito: Arquivo Pessoal)
A mãe de "Kalica", apelido carinhoso dado para a manicure, também lembrou do instante em que recebeu a notícia da morte da filha. Ela afirmou que estava no trabalho e "perdeu o chão", precisando ser amparada pelos colegas.
"Foi péssimo. Eu estava trabalhando quando soube e fui sendo levantada nas mãos dos outros. Perder uma filha é uma dor muito grande, nunca imaginei. Pensei em elas me enterrarem, e não eu enterrar uma delas. Quero que Deus tome providências, assim como a Justiça da terra [...] Ela morava comigo, desde pequena, criei minhas filhas sem pai. O pai foi Deus e eu".
Carolaine trabalhava como manicure e atendia cliente na hora da morte (Crédito: Arquivo Pessoal)
O sepultamento do corpo da manicure está agendado para a manhã desta quinta-feira, 17. A família não informou o horário. O crime teve uma grande comoção em todo o estado de Alagoas.
Polícia dá detalhes de investigação - O delegado Rômulo Andrade, titular da Delegacia Regional de Penedo, informou, também em entrevista à TV Pajuçara, que o inquérito está em andamento e a polícia já trabalha com a análise de imagens de câmeras de segurança para tentar identificar os executores da manicure, assim como o veículo usado para a fuga. O mandante do assassinato teria sido um traficante da região.
Andrade descartou qualquer possibilidade de Carolaine estar relacionada ao mundo do crime. "Ouvimos nove pessoas, no dia do crime, entre familiares, amigos e testemunhas presenciais, e outros moradores da localidade onde ela foi assassinada, e todos foram unânimes em falar que ela não tinha envolvimento com o tráfico. Ela trabalhava como manicure e exercia a sua função, atendendo uma cliente, quando foi surpreendida pelos assassinos", disse.
Delegado Rômulo Andrade investiga o crime (Crédito: Reprodução/TV Pajuçara)
"A cliente era uma pessoa que já tinha passagem pela polícia por tráfico, assim como a mãe e a irmã dela, também envolvidas. Já conhecíamos elas, sabíamos do envolvimento delas. É uma comunidade que sabemos que há um intenso tráfico de entorpecentes em Penedo. Então, a vítima havia ido fazer o trabalho de manicure e acabou sendo confundida", continuou o delegado.
A polícia também acredita que os executores são indivíduos que não residem em Penedo. "Os algozes seriam de fora, porque eles estavam com rostos descobertos, falando ao celular e as testemunhas disseram que nunca viram essas pessoas, não seriam dessa localidade, em Penedo. Então isso leva a polícia acreditar que os assassinos vieram de outro município".
"Estava na hora errada, no lugar errado", diz delegado - Rômulo Andrade afirmou que o local onde Carolaine foi atender a cliente é conhecido pela polícia pela intensidade da comercialização ilegal de drogas. Para ele, a vítima estava "na hora errada e no lugar errado", ao ser confundida com o alvo dos assassinos, no caso, a amiga dela.
"Nós fazemos trabalho constante na cidade, monitoramos o tráfico de drogas, houve algumas questões naquela localidade, um bairro tradicionalmente onde há intenso tráfico de drogas, e numa rixa entre os verdadeiros alvos e outra moradora da localidade, aí gerou essa disputa e a ordem para assassiná-la. A Kalica infelizmente estava na hora errada, no lugar errado, e acabou sendo a vítima do crime".
Por medo, a amiga de Carolaine deixou a cidade, junto com a família, já que ela seria o próximo alvo do mandante do crime. A casa onde aconteceu o assassinato estava fechada nesta quarta-feira.
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