O médico-cirurgião Wagner de Moraes vai ter que se explicar nesta quinta-feira (14) ao delegado Mario José Lamblet dos Santos, titular da 79ª DP (Jurujuba), sobre o motivo de ter assinado a declaração de óbito após procedimento estético no rosto da modelo Raquel dos Santos, 28 anos.
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A modelo foi enterrada nesta manhã, no Cemitério Parque da Paz, no Pacheco, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio.
Ao contrário do que o médico alega, o delegado afirma que os exames iniciais não indicam que a morte de Raquel tenha ocorrido por uso de anabolizantes, nem pelo consumo de cigarro.
Processos Judiciais
Em consulta ao site do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o médico e a clínica que leva seu nome, em Niterói, coleciona cerca de 50 processos judiciais, entre ações cíveis e criminais. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Wagner não é membro da instituição.
— Tenho 44 anos de experiência, formação nos Estados Unidos, operei 20 mil pessoas que estão lindas e maravilhosas por aí. Vê se o Pitangy não tem as mesmas coisas que eu. A gente opera muito. Todo médico tem de 1 a 2% de possibilidade de ter erros, problemas. Mas como operei 20 mil, devo ter 0,1% (de problemas) — defendeu-se.
Em um dos processos, Wagner foi condenado pela juíza Juliana Benevides de Barros Araújo, da 41ª Vara Cível do Rio, ao pagamento de pensão vitalícia a Raul Souza Silveira, após uma cirurgia o deixar “praticamente cego’’. O procedimento foi realizado no dia 7 de julho de 1999, depois que o advogado, com 76 anos à época, procurou o médico a fim de corrigir as as pálpebras, que estariam “caídas”.
De acordo com a sentença da magistrada, no momento da operação, que teria sido feita sem a realização de exames prévios, houve ‘‘forte hemorragia’’ e foi feita punção. O paciente alegou que Wagner pediu que ele procurasse um oftalmologista e foi constatada lesão no nervo óptico. “A sequela resultante com perda da visão nos olhos esquerdo (total) e direito (com mais de 50%) gera uma deficiência cujo percentual é 100%”, acrescentou, na sentença, a juíza.
Resultado desastroso
A advogada Celia Destri, que defende a família de Raul, já falecido, e é presidente da Associação de Vítimas de Erro Médico (Avermes), lamenta os “erros” cometidos:
— A cirurgia foi muito mal feita. Foi retirado um pedaço tão grande da pálpebra que os olhos não fechavam mais, e, por ressecamento, foi causada a cegueira. A negligência imperou e até hoje não foi feita Justiça — critica a advogada.
Wagner de Moraes foi condenado também pela juíza Margaret de Olivaes Valle dos Santos, da 4ª Vara Cível de Niterói, a indenizar uma produtora de 62 anos. A mulher o acusa de deixá-la com um resultado “desastroso” no corpo.
— Tenho 1,57m de altura. Tinha o busto (tamanho) 46 e ele me deixou com o (tamanho) 40, mas tirou tanta massa mamária que destruiu meu corpo — contou.
Em 12 de junho de 2006, outra condenação do médico Wagner de Moraes por danos morais, estéticos e materiais: na sentença, a juíza Simone Gastesi Chevrand, da 25ª Vara Cível da capital, afirmou que uma paciente que pagou, em 25 parcelas, para a realização de duas cirurgias (abdominal e seios), sete anos antes, também teria ficado com sequelas. A operação tinha “caráter não estético” e não teria sido bem sucedida.
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