Médico acusado de crime sexual diz que não lembra de pacientes que o denunciaram

Publicado em 03/04/2019, às 16h13
As advogadas Juliana Campos e Sandra Gomes, e o advogado Raimundo Palmeira | Letícia Sobreira*/TNH1
As advogadas Juliana Campos e Sandra Gomes, e o advogado Raimundo Palmeira | Letícia Sobreira*/TNH1

Por João Victor Souza e Letícia Sobreira*

O médico Adriano Antônio da Silva Pedrosa, preso desde o último dia 29 sob acusação de violentar pacientes, afirmou que não lembra das três mulheres que fizeram as denúncias contra ele. A informação foi passada pela defesa do profissional da área de saúde, durante entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (03), em Maceió.

Para o advogado Raimundo Palmeira, o médico declarou que não se recorda do rosto das pessoas que o denunciaram e afirmou que a porta da sala onde faz atendimento fica "encostada".

“Ele disse que atende inúmeras pessoas por dia e não lembra quem são. Em momento algum ele disse que não atendeu, mas não consegue lembrar. Ele também afirmou que a porta sempre fica encostada, e nunca trancada. Ele nega veementemente [o crime]”, disse.

A defesa do médico também afirmou que pode haver uma histeria coletiva, o que não significa que as mulheres estejam mentindo, mas elas podem ter criado “falsas memórias”.

"Uma das vítimas disse à imprensa que procurou o médico se queixando de dor na virilha e que, posteriormente, apresentou dor na região do peito. E falou que o médico apalpou seus órgãos genitais. Se apresenta essas dores, ela vai passar pela necessidade de examinar esses locais relatados", destacou. "Não há provas que elas foram atendidas e nem quando foram atendidas", acrescentou o advogado.

Palmeira também frisou que a defesa vai se basear na ausência de pressupostos, que são elementos suficientes indiciários de autoria. "A lei prevê que a prisão preventiva é decretada para garantir a ordem pública, por conveniência da instituição criminal, ou a ordem econômica, e garantia da aplicação da lei penal. Mas ela parte do princípio que é preciso que haja indícios suficientes de autoria”, declarou.

Habeas Corpus

A defesa do médico deve entrar ainda nesta quarta-feira com o pedido de habeas corpus para conseguir a liberação do acusado. Segundo ela, houve desnecessidade absoluta da detenção, já que a prisão preventiva é uma medida de exceção extrema que só é cabível quando há um prejuízo por conta da liberdade.

“O prejuízo por conta da liberdade seria para uma destruição de provas ou prática de crimes, o que não é o caso do Doutor Adriano”, salientou Palmeira.

Pedrosa está recluso em um cela especial, por possuir curso superior, no presídio Baldomero Cavalcanti, no Sistema Prisional de Alagoas. 

O caso

De acordo com o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL), o crime praticado por ele tinha sempre o mesmo modo de agir: a vítima era despida dentro da unidade de saúde – mesmo não tendo procurado socorro para reclamar de quaisquer problemas ginecológicos – e, após vestir uma luva em suas mãos, o médico molestava as pacientes sob o pretexto de investigar se elas estavam ou não com alguma doença nos órgãos genitais.

A má conduta de Pedrosa, ainda de acordo com o Ministério Público, tem sido reiterada e três mulheres o denunciaram. E foram essas acusações que serviram de base para o MPE/AL ajuizar uma ação penal contra esse profissional da área de saúde, além de pedir a sua prisão. O processo corre em segredo de Justiça.

O Conselho Regional de Medina do Estado (CRM) vai instaurar sindicância para apurar denúncia contra médico. O presidente do órgão destacou que as vítimas devem comparecer à sede do conselho, em Maceió, para formalizar a denúncia.

A defesa dele não tem ciência se as pessoas que denunciaram o médico procuraram o CRM para buscar a suspensão do exercício de medicina por ele.

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