Jornalista Felipe Moura Brasil:
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“O advogado Walfrido Warde, representante de PSOL, PCdoB e Solidariedade, tentou explicar à Folha de São Paulo por que esses partidos de esquerda, alegadamente defensores dos pobres oprimidos pela elite capitalista, tentam ‘rever’ as multas bilionárias dos empresários amigos de Lula que confessaram a prática de suborno:
‘Eles [os partidos] têm suas crenças sobre o capitalismo, mas todos eles sabem que, se as empresas perecerem, não haverá empregos, nem arrecadação, nem conteúdo nacional, portanto, o país perece. Como esses partidos trabalham com os setores mais carentes, talvez sejam mais sensíveis do que os partidos de direita’, alegou Walfrido.
Ajudar os amigos ricos em nome dos desconhecidos pobres é a essência da esquerda lulista. Em sua novilíngua, o cinismo virou ‘sensibilidade’; e o antigo ‘rouba, mas faz’ ganhou ares de patriotismo.
No mundo real, o que faz qualquer país perecer é a corrupção da elite, que perverte a democracia, distorce o mercado de trabalho e atua em concorrência desleal, minando a competitividade de empreendedores honestos, inclusive de origem pobre. Como mostrou a revista britânica The Economist, quanto maior a corrupção, menor o IDH do país. Ela é um padrão comportamental que afeta a distribuição de recursos, a recompensa de esforços e a valorização da cooperação, turbinando as injustiças sociais que a esquerda diz combater.
A arrecadação gerada pelo capitalismo de compadres, praticado, defendido e até colocado a serviço do socialismo internacional nos governos do PT, é de propina. O dinheiro dos pagadores de impostos foi assim desviado de obras públicas e demais contratos superfaturados, direcionados aos amigos do rei. Nos fundos de pensão, quem vem pagando a conta do rombo são servidoras aposentadas, por meio de descontos no contracheque. Uma delas, Gigi Reis, disse no Papo Antagonista que está frustrada com o PSOL.
Como, aos partidos, pega mal defender abertamente quem confessou participação em esquemas criminosos nocivos à sociedade, feito os irmãos Batista, da J&F, e a família Odebrecht, Walfrido tratou como busca de revisão a iniciativa que abre caminho para aliviar os termos dos acordos de leniência.
‘Nunca pedimos para dar calote’, disse o advogado, alegando que o pedido dos partidos ao Supremo Tribunal Federal ‘é para rever’. ‘E rever pode significar muitas coisas’. O ministro Dias Toffoli, do STF, entendeu o significado. Suspendeu os pagamentos de 3,8 bilhões de reais da empresa onde tinha o codinome ‘amigo do amigo do meu pai’; e de 10,3 bilhões de reais dos clientes de sua esposa advogada, Roberta Rangel.
Mas Walfrido negou o desmonte da Lava Jato, colocando-se entre os ‘adultos na sala’ contra o ‘estado de coisas inconstitucional’, síntese vazia usada para demonizar o Ministério Público.
‘Não estamos desmontando. Estamos tentando criar um ambiente regulatório sólido para combater corrupção no Brasil. Nós somos os adultos na sala. É fácil dizer: ‘esses advogados querem privilegiar os corruptos’. Não. Queremos edificar o combate à corrupção’, vangloriou-se.
Fácil é bajular o poder. Vigiá-lo, expondo esquemas, manobras e narrativas falseadas, dá trabalho. Mas é bem mais edificante.
‘No fim dessa ADPF [Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental], os ministros do Supremo vão regular os acordos de leniência com parâmetros objetivos que valerão para o futuro. Essa discussão no STF é fundamental. E o que tem feito a opinião pública? Vilipendiado a corte, dizendo que ela está querendo aliviar para os bandidos’, bajulou Walfrido.
Na verdade, foi na base do ‘se colar, colou’ que Toffoli aliviou Wesley e Joesley Batista, bem como Emílio e Marcelo Odebrecht, assim como o STF vem aliviando há anos os acusados de crimes de colarinho branco. Mas, em 26 de fevereiro, diante da repercussão negativa, o ministro André Mendonça decidiu dar 60 dias para a renegociação dos termos dos acordos.
Fundamental é a vigilância da sociedade contra o revisionismo histórico e a impunidade geral.”
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