A Universidade Federal de Alagoas (UFAL) divulgou, nesta terça-feira (6), que a análise feita em amostras de água coletadas em trechos da praia de Carro Quebrado, em Barra de Santo, não confirmaram a presença de organismos que provocam o fenômeno da Maré Vermelha. O estudo foi feito após ao menos 275 banhistas buscarem atendimento médico na Barra de Santo Antônio, no Litoral Norte do estado, em menos de 24 horas.
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Em entrevista à reportagem da TV Pajuçara, o pesquisador da Ufal, Emerson Soares, explicou que as amostras foram coletadas por técnicos do Instituto de Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA) e da UFAL um dia após o ocorrido, e que esse intervalo entre coleta e registro pode ter dissipado o fenômeno.
"Vamos concluir essa análise até o fim da tarde de hoje. Mas, pelo o que já observamos, não conseguimos encontrar nada que comprovasse que foi o fenômeno da Maré vermelha. Uma vez que foi relatado o fato na Barra de Santo Antônio, nós só coletamos amostras um dia após o ocorrido. Dependendo da hidrodinâmica, fenômenos da Maré Vermelha se dissipam em menos de 24 horas. Talvez isso explique o porquê de não encontrarmos nenhum organismo presente nas amostras coletadas pelo IMA e pela UFAL. Porém, nós vamos continuar investigando a situação, pois precisamos ter certeza que a água não possui nenhum organismo. Não podemos descartar que foi a Maré Vermelha", explicou Emerson.
Mesmo não conseguindo comprovar o fenômeno através dos resultados das amostras, o pesquisador acredita que a Maré Vermelha, causada pela proliferação desenfreada de microalgas planctônicas, tenha provocado diferentes sintomas aos banhistas que entraram em contato com a água.
"Na verdade, acreditamos que foi Maré Vermelha, porém não encontramos organismos presentes nas amostras coletadas. Uma outra hipótese, que seria moluscos, que também produzem toxinas, estava sendo avaliada, mas também não encontramos esse organismo nas amostras. Possivelmente, foi a Maré Vermelha, mas os dados não foram conclusivos em responder que tipo de organismo provocou esse fenômeno de Maré Vermelha. Estamos avaliando e vamos fechar esse relatório ainda hoje", completou.
O fenômeno - Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), durante o período da maré vermelha, pode acontecer aumento da salinidade e outros fatores prejudiciais à saúde, e a orientação é de que a população evite ir à praia e ter contato com a água do mar. A exposição pode acontecer também através de respingos e do vento.
Municípios vizinhos às praias onde foram registrados o fenômeno também devem ficar atentos ao aparecimento de manchas e à alteração de odores na praia. O Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL) enviou técnicos para colher amostras, que serão analisadas.
O pesquisador Manoel Costa, do Laboratório de Aquicultura e Ecologia Aquática (Laqua), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), explicou que o fenômeno é observado tanto no ambiente marinho quanto na água doce. "O fenômeno de maré vermelha é causado principalmente pelo aumento das temperaturas e também com a movimentação do sedimento que está no fundo para a superfície Os principais grupos que causam esse fenômeno são os grupos dos dinoflagelados, que causam manchas avermelhadas", disse.
Os sintomas comuns aos banhistas expostos são diarreia, enjoo, vômitos, dores no estômago, queimação na pele, secura e irritação nos olhos e até dificuldade para respirar.
Em Alagoas, o fenômeno já foi observado na bacia do Rio São Francisco, na Laguna Mundaú, além de diversas praias. "Essas florações de microalgas podem trazer problemas de pele, gastrointestinal, dor de cabeça, vômito, além de trazer problemas para biota aquática, como peixes e microrganismos, que em contato podem morrer. Em casos mais graves, mas não comuns, pode levar à amnésia e à morte do homem", acrescentou Emerson Soares, pesquisador e professor da Ufal.
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