Mancha de óleo que atingiu praias do Nordeste chega a área de reserva em Sergipe

Publicado em 26/09/2019, às 11h46
Tartaruga coberta de piche em praia do Nordeste | Instituto Verde Luz
Tartaruga coberta de piche em praia do Nordeste | Instituto Verde Luz

Por Folhapress

Um mês após o aparecimento de manchas de óleo em dezenas de praias de sete estados do Nordeste, que prejudicou pescadores e afastou turistas, o material derivado do petróleo atingiu uma área de reserva em Sergipe esta semana.

A praia de Ponta dos Mangues, localizada no município de Pacatuba, amanheceu coberta por piche.

A engenheira de pesca Brenda Dantas, que já atuou em projeto de monitoramento pesqueiro na região, alerta que a área atingida localiza-se nas proximidades da reserva biológica de Santa Isabel, na cidade litorânea de Pirambu.

A unidade de conservação destaca-se por ser um dos principais pontos do projeto Tamar, executado pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) que atua na preservação de espécies de tartarugas-marinhas ameaçadas de extinção. "Essa região atingida situa-se onde termina a reserva biológica, que começa em Pirambu e vai até Pacatuba", diz Brenda.

No Nordeste, apenas o estado da Bahia não foi afetado. As primeiras manchas apareceram no dia 2 de setembro. Inicialmente, os estados atingidos foram Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte e Ceará. O ICMBio e a Marinha estão investigando o caso.

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Nas últimas semanas recebemos relatos de derrames de piche em algumas praias do Piauí, do Ceará, do Rio Grande do Norte e de Pernambuco. ㅤ Nos últimos dias temos sido contatados por diferentes ocorrências de encalhe de tartarugas marinhas com resquícios de contato com piche. A primeira ocorrência aconteceu em Sabiaguaba no início do mês de setembro. No último final de semana fomos alertados por moradores do Serviluz que também encontraram uma tartaruga nessa condição. Ainda foram somadas à esse casos em Flecheiras, Taíba e Jericoacora. ㅤ Ao todo já foram cinco encalhes, dos quais tivemos conhecimento, de tartarugas encontradas com piche em setembro no estado do Ceará. Tem sido desesperador encontrar esses animais nesse estado. O sentimento de impotência em relação a essas enormes manchas de piche no litoral é assustador e é preciso que alguma posição do poder público seja tomada. ㅤ Lembrem-se que em casos de ocorrências de tartarugas marinhas (vivas ou mortas) entrem em contato conosco através do número (85)98597-3007 (Projeto Gtar) e/ou através do nosso direct. É importante também que nenhuma ação seja tomada antes da chegada da nossa equipe.

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Em Pernambuco, o CPRH (Agência Estadual de Meio Ambiente) estuda o problema desde o início de setembro, mas ainda não chegou a uma conclusão definitiva sobre o que ocorreu.

O diretor de controle de fontes poluidoras do órgão, Eduardo Elvino, explicou que o mais provável é que algum navio tenha liberado o material de maneira ilegal em alto mar há mais de um mês.

Ele ressaltou que, a partir de uma modelagem matemática, o departamento de oceanografia da Ufpe (Universidade Federal de Pernambuco) está tentando identificar a suposta embarcação que teria lançado o óleo.

"Analisamos o material e identificamos que se trata de um derivado de petróleo de cadeia de carbono pesada. É característico de material de combustível de navio. Esse descarte, normalmente, se faz com a utilização de empresas legalizadas", declarou Elvino.

Na manhã desta quarta-feira (25), ele informou que o material já foi removido das praias, mas que podem aparecer algumas outras manchas esporádicas. "Os municípios já fizeram a remoção do piche." A área de georreferenciamento da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) está auxiliando a investigação com a análise de imagens de satélite. 

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