por Edson Moura
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Após 8 anos com isenção total em impostos para a importação de carros elétricos e híbridos, o governo federal decidiu retomar a cobrança gradual do imposto já a partir de janeiro de 2024.
A decisão foi da Câmara de Comércio Exterior (Camex) que faz parte do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e atendeu a um pedido das fabricantes nacionais para conter o avanço das marcas importadoras no segmento eletrificado que vem crescendo em ritmo acelerado.
Em nota, o governo justificou que a decisão é para “desenvolver a cadeia automotiva nacional, acelerar o processo de descarbonização da frota brasileira e contribuir para o projeto de neoindustrialização do país, cujas bases são a inovação, a sustentabilidade e o fortalecimento do mercado interno, com geração de emprego e renda”.
Os valores dos impostos de importação variam de acordo com o tipo de eletrificação:
Carros elétricos
10% imposto em janeiro de 2024
18% imposto em julho de 2024;
25% imposto em julho de 2025;
35% imposto em julho de 2026.
Carros híbridos
12% imposto em janeiro de 2024;
25% imposto em julho de 2024;
30% imposto em julho de 2025;
35% imposto em julho de 2026
Modelos híbridos plug-in
12% em janeiro de 2024;
20% em julho de 2024;
28% em julho de 2025;
35% em julho de 2026
Para os caminhões elétricos, que já tem fabricação nacional, a taxação será ainda mais rápida:
Caminhões elétricos
20% em janeiro de 2024;
35% em julho de 2024.
Quanto custarão os modelos?
Com base nos preços praticados neste mês de novembro no Brasil, já é possível ter uma ideia dos novos preços dos carros elétricos mais baratos do país a partir de janeiro de 2024, sem contar um possível reajuste também das marcas:
Caoa Chery iCar:
Hoje: R$ 119.990
Janeiro: R$ 131.989 (10% de imposto)
Renault Kwid E-Tech:
Hoje R$ 123.490
Janeiro: R$ 135.839 (10% de imposto)
JAC E-JS1:
Hoje: R$ 126.900
Janeiro: R$ 139.590 (10% de imposto)
BYD Dolphin:
Hoje: R$ 149.800
Janeiro: R$ 164.780 (10% de imposto)
Se projetarmos o aumento total, de 35%, previsto para julho de 2026, o preço atual do BYD Dolphin por exemplo chegaria a R$ 202.230, ou seja R$ 50 mil a mais só de imposto.
Híbridos também subirão
No caso dos híbridos, modelos mais vendidos como os Haval H6 da GWM subirão 12% em janeiro só pelo retorno do imposto, veja a projeção:
Haval H6 HEV:
Hoje: R$214.000
Janeiro: R$ 239.680 (12% imposto)
Haval H6 PHEV
Hoje: R$ 269.000
Janeiro: R$ 301.280 (12% imposto)
Haval H6 PHEV
Hoje: R$ 315.000
Janeiro: R$ 352.800 (12% imposto)
Importante lembrar que mnsmo com a confirmação dos impostos, marcas como GWM e BYD, que já iniciarão fabricação no Brasil em breve, não descartam absorver parte do aumento com os impostos para não repassar tudo para os consumidores e assim continuarem crescendo nas vendas.
Associações tem opiniões diferentes
Enquanto a Anfavea, associação que reúne as montadoras nacionais, emitiu nota apoiando a medida, as Abeifa das marcas importadas afirmou que o prazo foi muito curto.
Anfavea: “O objetivo expresso pelo governo e endossado pela Anfavea é garantir um horizonte de previsibilidade para tradicionais e para novos fabricantes, de modo a atrair investimentos em produção local de modelos híbridos e elétricos, tão importantes para a sustentabilidade do planeta.” Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
Abeifa: “A proposição de aplicação imediata (janeiro de 2024) da nova política de alíquota do imposto de importação para veículos elétricos e híbridos, ainda que faseada até julho de 2026, com 35%, é por demais punitiva ao nosso setor, em especial quando as nossas associadas já estruturaram seu planejamento estratégico/comercial para o próximo ano, além de ter produção em andamento em suas matrizes, unidades em trânsito por via marítima e até compromissos já firmados com as redes autorizadas de concessionárias para os primeiros meses do ano vindouro; Isso significa que haverá sobretaxação nas primeiras unidades a serem comercializadas em 2024, em prejuízo aos importadores, mas em especial aos consumidores finais”. ABEIFA – Associação Brasileira de Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores
A ABVE, Associação Brasileira do Veículo Elétrico, também criticou a retomada do imposto. Disse que a medida foi intempestiva e anunciada antes de o próprio governo ter definido qual será a futura política automotiva brasileira. Ressaltou ainda que o resultado será muito ruim para os investidores e para o mercado e que vai encarecer o preço dos veículos elétricos e híbridos no Brasil e afetará as decisões de investimento das empresas.
Reportagem: Edson Moura com agências
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