Mães alagoanas sofrem constrangimento ao amamentar bebês em público; assista

Publicado em 04/09/2018, às 11h38
"A gente acaba se sentindo constrangida por constranger as pessoas", diz uma das mães | Reprodução/ TV Pajuçara
"A gente acaba se sentindo constrangida por constranger as pessoas", diz uma das mães | Reprodução/ TV Pajuçara

Por TNH1 com TV Pajuçara

Sejam estudantes, profissionais ou donas de casa, as mães de bebês sentem dificuldade para ocupar espaços públicos com seus filhos. Uma das principais reclamações está relacionada à amamentação. Em Alagoas, por exemplo, há relatos de mães que se sentiram constrangidas por dar de mamar ao bebê fora de casa, mesmo havendo a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida.

Em entrevista à TV Pajuçara, a arquiteta Mayara Amaral, mãe do pequeno Heitor, confessa que as primeiras experiências na hora de amamentar o filho não foram boas por sentir falta de apoio. “A gente acaba se sentindo constrangida por constranger as pessoas, por saber que o outro não está confortável com aquela situação. As pessoas reviram o olho”, relata.

“Para mim, é estranho ver uma mãe dando leite de fórmula ou ‘gogozinho’ para seu bebê porque está com vergonha de amamentar em público. Algo que era para ser natural, até porque é um ato de amor. As mulheres não podem se intimidar, têm que se sentir orgulhosas por ser a melhor coisa que elas estão fazendo para a saúde de seu bebê”, finaliza.

Constrangimento em sala de aula

Há uma semana, a história da estudante Elda Amorim, do curso de Letras de uma universidade em Alagoas, chamou a atenção de mães e colegas de turma.

Elda relatou ter sofrido constrangimento de professores e da vice-diretoria da instituição por levar seu filho de oito meses às aulas. A mãe levava seu filho para as aulas normalmente, até o dia em que a criança fez algum barulho.

“Meu filho balbuciou vogais, não foi nem choro, quando o professor me olhou com cara de ódio e disse: 'Você pode até trazer ele para a universidade, mas não para a minha aula'".

“O vice-diretor veio à minha procura. Pensei que ele iria se desculpar pela atitude do professor, mas não foi bem assim. Ele perguntou por minha mãe, meu marido, minha sogra; indagou se eu não podia deixar a criança com eles”, relembra Elda.

“Eu não tenho contato com minha mãe. Meu marido é professor universitário e trabalha os três horários, e minha sogra tem 70 anos e cuida de mais duas pessoas”, explica.

Elda desistiu de retornar às aulas. Uma das colegas, segundo ela, se solidarizou, e entrou em contato com a diretora da universidade. “A diretora ficou abismada, pediu desculpas pela direção e disse que o caso seria revertido. Pediu para que eu não deixasse de frequentar as aulas”.

No entanto, dois dias depois, quando Elda decidiu retornar às aulas, teve uma experiência semelhante com outro professor. “Tive contato novamente com a diretora que me perguntou com qual medida eu me sentiria mais à vontade e afirmou que eu não estava sozinha, que a luta não era só minha”.

O que diz a lei

Conforme apurou o TNH1, amamentar em público em nenhum local do Brasil pode ser considerada prática criminosa ou ilegal. Não há regulamentações em esfera nacional que tratem da situação, o que garante que lactantes amamentem sem nenhum tipo de constrangimento.

Na prática, há leis em esfera municipal e estadual que tratam da questão como em São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina, que punem quem gera algum constrangimento para a mãe lactante.

Veja abaixo a reportagem completa exibida pelo programa Balanço Geral AL:

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