Se havia algo que Valéria Carvalho, de Campinas (SP), não esperava era engravidar de novo poucas semanas após dar à luz gêmeos. No entanto, ela quase caiu de costas ao descobrir que estava com 12 semanas de gestação quando Eduardo e Giovanna, os primeiros filhos, estavam prestes a completar 5 meses.
Em um vídeo viral compartilhado em seu Instagram, Valéria aparece realizando o ultrassom do terceiro bebê, enquanto os gêmeos, então com 7 meses, a acompanhavam em seus bebês-conforto no chão da sala de exame.
“Eu neguei todos os sinais de uma possível gravidez”, contou ela, em entrevista a CRESCER.
“Eu tinha muita fome, muito sono e estava começando a engordar de novo, mas eu vivia uma rotina pesada com gêmeos, sem muita rede de apoio”, explica. "Ignorei”, completou. Uma gestação era a última ideia que passava pela cabeça dela porque, para engravidar dos gêmeos, ela e o marido contaram com ajuda de reprodução assistida. Os bebês foram concebidos por fertilização in-vitro (FIV).
Então, quando passou a sentir enjoos, atribuiu os sintomas a alguma virose ou a algo que tinha comido. No entanto, decidiu fazer um teste, só para descartar a possibilidade – que, para ela, era extremamente remota. “Fui até fazer o xixi com a minha filha no colo, porque ela estava dormindo”, lembra. E, então, o “impossível” aconteceu: o teste deu positivo. Valéria tinha engravidado de novo. Desta vez, naturalmente. “Meu chão abriu. Foi um choque. Eu pensava no meu emprego, porque eu ainda nem tinha voltado a trabalhar”, disse ela, que é professora. Ela também pensou no marido que, certamente, “iria pirar”. Afinal, a família tinha dois bebês pequenos, ainda estava sob efeitos do puerpério e tinha acabado de fazer um investimento financeiro grande, com a reprodução assistida.
Como tinha menstruado, a mãe achou que estaria de poucas semanas. Foi uma surpresa quando, no ultrassom, descobriu que já estava com 12 semanas e 3 dias. Na ocasião, já dava até para ver que era um menino. Acostumar-se à ideia foi um processo.
Aos poucos, ela foi aceitando. Porém, não deu nem muito tempo de curtir a barriga, observar tudo e tirar fotos. “A rotina com os gêmeos era muito intensa. Além disso, voltei a trabalhar o dia inteiro, levava os bebês comigo para a escola onde dou aula. Eu acompanhava, é claro, mas a atenção que você dá à segunda gestação é muito diferente. Imagine com dois bebês!”, aponta.
A cronologia dos nascimentos
Valéria contou que a gravidez dos gêmeos foi tranquila. Eles nasceram bem, com 36 semanas — um tempo ótimo para gestações múltiplas. Eduardo e Giovanna não precisaram ficar na UTI Neonatal. A mãe, porém, teve de ficar internada por alguns dias depois do parto, porque teve pré-eclâmpsia. “Além disso, foi um período complicado porque duas semanas antes de eles nascerem, perdemos minha sogra para o câncer”, conta. Porém, depois que ela saiu do hospital, tudo foi entrando nos eixos, até que eles descobriram a nova gravidez.
Tudo seguia bem. Então, no primeiro dia do ano, com 34 semanas, Valéria começou a se sentir cansada. Como já tinha sofrido com a pré-eclâmpsia, resolveu aferir a pressão, que estava 13 por 9, o que, para o padrão dela, era alto. “Liguei para a médica, que pediu que eu fosse para o hospital”, afirma. Lá, ela passou por um ultrassom, que mostrou que o nível de líquido amniótico estava diminuindo. Foi identificado um descolamento da placenta e a mãe precisou passar por uma cesárea de emergência. O bebê precisou ficar na UTI Neonatal, onde está até agora. “Ele já está se recuperando bem. Estamos apenas nos cuidados finais mesmo, mas ainda não tem uma previsão certa de alta”, disse ela.
O caçula recebeu o nome de Gustavo, como uma forma de homenagear a sogra de Valéria. “Ela sempre contava que meu marido, que se chama Guilherme, quase se chamou Gustavo. Mas quando ele nasceu, ela olhou para ele e achou que tinha cara de Guilherme”, conta. “Como ele nasceu agora em janeiro, eles vão ter pelo menos uns dois meses da vida em que terão a mesma idade, né?”, observa — "quase trigêmeos".
O vídeo do ultrassom, que viralizou, foi feito por uma amiga de Valéria, que a acompanhou no exame. “Nunca imaginei que fosse ter essa repercussão”, admitiu, surpresa. “Os comentários que mais me marcaram foram de mães que tiveram gêmeos, depois engravidaram de gêmeos de novo. Eu acho que a minha surpresa maior foi eu ter engravidado com um histórico de que eu não podia engravidar. Sei que muitas pessoas engravidam após a FIV, mas eu nunca tinha visto acontecer tão em seguida”, acrescenta.
“Respeitei o resguardo, foi depois de 45 dias. Nunca passou pela cabeça me prevenir de algo que passei anos tentando”, ressalta. “Mas depois que entendi que eu estava grávida naturalmente, acho que fui muito abençoada. Senti muita felicidade, depois que passou aquele furacão da descoberta. É uma vida e isso não tem preço”, completa.
Assista ao vídeo abaixo (se não conseguir visualizar, clique aqui):
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