"Leito da laguna no local onde mina 18 colapsou pode chegar a 10 metros de profundidade", diz pesquisador

Publicado em 13/12/2023, às 18h57
Foto: Arquivo TNH1
Foto: Arquivo TNH1

Por Theo Chaves

O leito da Laguna Mundaú, no local onde a mina 18 da Braskem colapsou, no último dia 10, pode ter aumentado mais de 10 metros de profundidade. A informação foi confirmada ao TNH1 pelo professor Carlos Ruberto Fragoso Jr., pesquisador do Centro de Tecnologia (Ctec) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), nesta quarta-feira (13). 

De acordo com o professor, a extensão da cratera formada pelo colapso foi menor do que era esperado, porém só um mapa de batimetria —  que mede a profundidade de oceanos, lagos e rios —, poderá examinar a exatidão da profundidade do local.

"Um impacto imediato do colapso é que o leito da Laguna Mundaú naquele local ficou mais profundo. Na teoria, a profundidade pode ser de mais de 10 metros. Acreditamos que a área que colapsou não apresentou uma extensão muito grande. Só um estudo mais aprofundado, um mapa de batimetria, que poderá mostrar a exatidão da profundidade do local", explicou o professor.

Ainda segundo Carlos, a superfície onde fica a mina 18 ainda apresenta instabilidade, e um estudo mais detalhado no local não pode ser feito neste momento. "Vamos ter aguardar para fazer esse estudo, pois o local ainda apresenta instabilidade. Para saber a profundidade, vamos fazer um comparativo do atual cenário com o anterior ao colapso. Este comparativo vai nos mostrar qual a profundidade do leito da Laguna Mundaú naquele local específico", completou. 

Entenda a situação - Após a Defesa Civil de Maceió alertar sobre o colapso iminente da mina 18, da Braskem, no Mutange, cerca de 23 famílias tiveram que ser retiradas das casas que estão localizadas na área de risco. A Justiça Federal, inclusive, autorizou o uso de força policial, caso os moradores recusassem a sair. O caso é um desdobramento dos tremores de terra que começaram a ser sentidos pela população do Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e parte do Farol em março de 2018, causados pela mineração de sal-gema feita pela Braskem desde a década de 70 naquela região, conforme apontou o Serviço Geológico do Brasil. 

A Prefeitura de Maceió desocupou seis escolas em diferentes bairros da capital para torná-las abrigos temporários aos moradores e também decretou estado de emergência na capital por 180 dias. Depois de registrar afundamento superior a 2 metros ao longo de duas semanas, a mina 18 sofreu rompimento às margens da laguna Mundaú no dia 10 de dezembro. O fato provocou angústia em moradores que ainda seguem residindo em regiões próximas. 

O presidente da Braskem, Roberto Bischoff, afirmou na segunda-feira, 4 de dezembro, que nos últimos quatro anos foram realocadas 40 mil pessoas - a estimativa dos órgãos é que o número seja de quase 60 mil - em 14,5 mil imóveis e mais de 97% das propostas de indenização foram aceitas e pagas por meio do Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação (PCF). O comentário foi feito ao Estadão durante o 28º Encontro Anual da Indústria Química (Enaiq), evento tradicional do setor químico promovido pela Associação Brasileira de Indústrias Química (Abiquim).

A Justiça Federal determinou, na manhã da quinta-feira, 30 de novembro, que a Braskem adote providências em relação ao novo mapa elaborado pela Defesa Civil Municipal, que inclui no PCF novos imóveis localizados no Bom Parto. A mineradora comunicou aos acionistas e ao mercado que o valor atribuído à causa pelos autores da ação é de R$ 1 bilhão. Desde então o caso tem sido acompanhado pelo Governo Federal e vários órgãos fiscalizadores junto à mineradora Braskem. 

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