A Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag) anunciou nesta quarta-feira, 15, que estão suspensas temporariamente as próximas fases do concurso da Polícia Militar de Alagoas, em decorrência da investigação sobre possível fraude na realização do certame. Ainda nesta tarde, a Justiça de Alagoas acolheu o pedido de liminar proposto por uma Ação Popular impetrada por candidatos e determinou a suspensão do concurso até a decisão do mérito. A decisão ocorre após a prisão de um homem aprovado no concurso da PM, mesmo tendo em sua ficha criminal sete prisões, além do fato de ter cursado apenas até a quarta série do ensino fundamental.
LEIA TAMBÉM
Na tarde desta quarta-feira, o juiz Geraldo Tenório Silveira Júnior, da 31ª Vara Cível da Capital, aceitou a liminar proposta em Ação Popular e suspendeu o concurso da Polícia Militar. O magistrado determinou que Seplag e Cebraspe adotassem as providências em até dois dias úteis, sob pena de multa diária de R$ 2 mil. Além disso, o juiz também estabeleceu o prazo de 20 dias úteis para que os citados apresentem contestação e informem se têm interesse em conciliar e se pretendem produzir provas em audiência de instrução, implicando o silêncio em falta de interesse.
Pela Seplag, a informação da suspensão foi feita pelo secretário Fabrício Marques, em transmissão ao vivo pelas redes sociais da secretaria.
"Fiz uma reunião há pouco com o Cebraspe, acabei de oficiar o Cebraspe formalmente, já havia mandado um ofício na segunda-feira, relatando todos os acontecimentos, todas as questões trazidas no final de semana, mas há pouco acabei de oficiar o Cebraspe para que eles de fato publicassem a suspensão temporária das próximas etapas do concurso. O Cebraspe deve agora no final do dia, começo da noite, publicar em seu site uma informação sobre a suspensão temporário das próximas etapas do concurso, para que a gente tenha agora tranquilidade total neste momento, esperar o desenrolar das investigações e tomar as decisões mais adequadas em relação ao concurso", disse o secretário.
Suspeita de fraude
No último dia 10, um homem foi preso por desacato depois de ter sido denunciado por vizinhos por conta de som alto no bairro Santa Lúcia, parte alta da capital. A farra era, na verdade, a comemoração pela aprovação no Concurso Público para ingresso na Polícia Militar de Alagoas, cujo resultado foi divulgado naquele mesmo dia. Chamou atenção a ficha do sujeito - ele teria no "currículo" 7 prisões - e um outro fato que não preenche os requisitos do certame, ele só teria a 4ª série do Ensino Fundamental.
Com isso, a polícia também vai investigá-lo por suspeita de fraude. Paralelamente, uma outra denúncia dá conta de que um grupo de União dos Palmares, cerca de 150 pessoas, que teria comprado o gabarito da prova realizada no dia 15 de agosto. As respostas corretas da prova teriam sido clonadas, e daí viria a aprovação de presidiários ou ex-presidiários. O TNH1 teve acesso inclusive a nomes de supostos fraudadores, incluindo filhos de políticos influentes da cidade, que fica na Zona da Mata do estado. Nos grupos de WhatApp do interior, circulam prints que apontam que os fraudadores obtiveram a mesma pontuação em todas as disciplinas da prova.
MP acompanha as investigações
O Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE-AL) informou, por meio de nota, na tarde da segunda-feira, 13, que o órgão vai acompanhar, por meio de uma promotoria criminal, as investigações no âmbito da Polícia Civil sobre suposta fraude no último concurso da Polícia Militar de Alagoas (PM-AL). Somente depois de receber os autos, após a conclusão das investigações policiais, é que o MPE vai informar as medidas que serão tomadas.
Ação Popular pede suspensão e indenização
Já na terça-feira, 14, uma ação popular protocolada no Tribunal de Justiça de Alagoas, por candidatos do último concurso para a Polícia Militar do Estado, está pedindo a suspensão da prova para o cargo de Soldado combatente e o pagamento de indenização por dano moral aos candidatos, no valor total de R$ 3 milhões de reais.