As taxas de juros continuaram a subir, em setembro, de acordo com dados do BC (Banco Central) divulgados nesta terça-feira (27). A taxa de juros cobradas das pessoas físicas subiu 1,1 ponto percentual de agosto para setembro, quando ficou em 62,3% ao ano.
As taxas de juros que mais subiram para as famílias foram a do cartão de crédito e do cheque especial, que chegaram a 414,3% ao ano e a 263,7% ao ano. A taxa do cheque especial subiu 10,5 pontos percentuais e a do rotativo do cartão de crédito, 10,8 ponto percentual, de agosto para setembro.
A taxa para a compra de veículos subiu 0,8 ponto percentual para 25,6% ao ano. Já a taxa do crédito consignado caiu 0,2 ponto percentual para 27,6% ao ano.
A inadimplência das famílias, considerados atrasos superiores a 90 dias, subiu 0,1 ponto percentual para 5,7%.
Esses dados são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para aplicar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros.
No caso do direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura) a taxa média de juros caiu 0,1 ponto percentual para pessoas físicas (9,8% ao ano) e 0,8 ponto percentual para as empresas (9,7% ao ano). A taxa de inadimplência do crédito direcionado ficou estável tanto para empresas (0,7%) quanto para pessoas físicas (1,9%).
Já para as empresas, os juros subiram 0,6 ponto percentual a mais, com taxa em 29,3% ao ano. E a inadimplência caiu 0,1 ponto percentual para 4,1%.
O saldo total do crédito chegou a R$ 3,16 trilhões, com alta de 0,8% no mês e de 9,1%, em 12 meses. O saldo do crédito livre chegou a R$ 1,608 trilhão e o direcionado a R$ 1,551 trilhão.
Consumidor deve evitar cartão de crédito
Os juros do sistema financeiro bateram recorde no mês de setembro, segundo dados do BC (Banco Central) divulgados nesta terça-feira (27). Por isso, os economistas recomendam aos brasileiros que estão empregados: o primeiro passo para evitar problemas com as finanças pessoais é quitar as dívidas do cartão de crédito.
O presidente da Ordem dos Economistas do Brasil e professor da FEA (Faculdade de Economia e Administração) da USP, Manuel Enriquez Garcia, explica que o brasileiro deve “olhar os cartões de crédito e ver qual é o gasto que vai ter nos próximos meses”.
— Tem que ver se está pagando todos os valores no dia do vencimento. [...] Se achar que está havendo um desequilíbrio, tem que parar de usar o cartão de crédito. Então, se já se endividou, não se endivide mais. O cartão de crédito deve ser usado em benefício da gente, então nunca se pode parcelar, nunca se pode aceitar o valor mínimo porque a taxa de juros está próxima de 18% ao mês. Essa taxa arruína qualquer pessoa.
Caso o consumidor já esteja pagando parcelas do cartão de crédito, ao invés de quitar toda a fatura na data do vencimento, Enriquez Garcia tem outra recomendação: “Antes de fazer novas dívidas, vá ao banco e peça um empréstimo pessoal, que, na pior da hipótese, pode custar de 2,5% a 3,5% ao mês. É melhor que pegar um empréstimo do cartão”.
Com a possibilidade de piora da economia, o brasileiro também deve se precaver com os gastos em casa, avisa Celina Martins Ramalho, economista e conselheira do Cofecon (Conselho Federal de Economia).
— Haverá menos ocupações, ou seja, um aumento do desemprego. Além disso, a negociação salarial ficará difícil, o que prejudica ainda mais o trabalhador, já que as perdas salariais são intrínsecas no processo inflacionário.
Fonte: R7
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