Irmão diz que 'ato de heroísmo' tirou a vida de motociclista em Cruz das Almas

Publicado em 25/09/2019, às 12h22
Chegada da família de Marcos à delegacia nesta manhã | TNH1 / Erik Maia
Chegada da família de Marcos à delegacia nesta manhã | TNH1 / Erik Maia

Por Erik Maia / Deborah Freire

A chegada da família de Marcos Firmino dos Santos, 34 anos, motociclista morto em Cruz das Almas no domingo (22), por um tiro disparado por um PM, chamou atenção de quem esperava atendimento na sede da Delegacia de Homicídios, no bairro Chã de Bebedouro, em Maceió, na manhã desta quarta (25).

Pai, esposa, irmãos e amigos não conseguiram conter as lágrimas ao ouvir o desabafo da mãe dele, Quitéria Firmino dos Santos, na recepção da delegacia. "Tá aí, crianças que ficaram sem pai. A dor de uma mãe é muito grande; estou sofrendo porque perdi meu filhinho caçula. Meu filho não era bandido, era homem trabalhador, bom filho, bom marido", desabafou, aos prantos.

Para o irmão de Marcos, Adelson Ferreira dos Santos, o ato do cabo da PM que atirou no motociclista, na tentativa de acertar assaltantes que estariam roubando na região, demonstrou despreparo.

"Isso é um serviço pra Ronda no Bairro, não pra ato de heroísmo, que acabou tirando a vida do meu irmão. O que ele tinha a ver com um assalto fora do estabelecimento que ele tava prestando serviço? Sacar uma arma numa via daquela, de muito movimento, sem olhar quem vai passando?", questiona.

Militar se apresenta e diz que motociclista atravessou-se na frente

Ontem, em depoimento à delegada Tacyane Ribeiro, o policial alegou que não confundiu Marcos com os bandidos, mas que ele teria passado no momento dos tiros. Ele ainda alegou que acertou um dos suspeitos. Ele não ficou preso porque já se encerrou o período de flagrante, mas deve responder por homicídio doloso, com intenção de matar, por ter assumido o risco.

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O irmão da vítima confronta o militar. "Queria fazer uma pergunta pra esse cara que fez isso: se, de repente, do jeito que ele saiu atirando, se viesse alguém da família dele, o que ele estaria passando agora?".

A família esteve na delegacia para prestar depoimento, mas a mãe e a esposa estavam em estado de choque, e podem só ser ouvidas posteriormente.

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