O Irã atacou Israel pela segunda vez em sua história nesta terça-feira (1º) com duas salvas de mísseis contra o Estado judeu, que prometeu uma dura retaliação devido à ação.
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O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, disse que ação é "apenas parte de nossa capacidade", instando Israel a "não entrar em confronto com o Irã", sugerindo assim que o ataque foi apenas uma resposta à pressão doméstica devido à brutal operação de Tel Aviv contra o principal peão de Teerã na região, o Hezbollah libanês.
Já Israel prometeu uma resposta. "Estamos em alerta máximo na defesa e na ofensiva, protegeremos os cidadãos de Israel. Este ataque terá consequências. Temos planos e agiremos no tempo e no lugar que escolhermos", afirmou o porta-voz militar Daniel Hagari.
Foram empregados de 180 a 200 mísseis, pela velocidade nos céus alguns modelos de cruzeiro, mais lentos. A grande maioria foi abatida, mas houve bastante tensão nas principais cidades do país.
O roteiro se assemelha ao do ataque de abril, quando os aiatolás se vingaram da morte de generais em Damasco. Novamente, a defesa israelense funcionou, com apoio externo mísseis foram derrubados sobre a Jordânia e por destróieres americanos no mar Vermelho.
O escopo do ataque foi menor também. Naquela ocasião, foram 330 mísseis e drones. Agora, houve uma morte até aqui, não sem ironia de um morador de Gaza que vive perto de Jericó, na Cisjordânia. Ali, os iranianos miraram assentamos judaicos, e os sistemas de defesa israelenses abaterem mísseis, mas nada podem fazer contra destroços.
A Folha de S.Paulo testemunhou a primeira onda de ataque do portão de Jaffa, uma das entradas da Cidade Velha de Jerusalém. Pelo seu caráter sagrado para muçulmanos, judeus e cristãos, usualmente não há a expectativa de que o local seja alvejado por mísseis.
As sirenes locais soaram por volta das 19h40 (13h40 em Brasília), junto com alertas de aplicativos de celular. No céu, os mísseis que se dirigiam a oeste, para Tel Aviv, eram perseguidos pelos rápidos interceptadores do sistema Domo de Ferro. Houve ao menos 15 grandes explosões, e foi possível ver mais de 40 projéteis no céu, voando como num enxame.
Passados nove minutos, as sirenes cessaram, só para serem reativadas às 20h26. Logo depois, a vida retomou o ritmo, mas com cautela: o usualmente agitado centro de Jerusalém calou-se após a ação dupla.
Há motivos extra para isso: em Jaffa, ao lado de Tel Aviv, seis pessoas morreram pouco antes da ação iraniana em um ataque promovido por dois árabes contra judeus.
Com a disrupção em nível baixo, incluindo com o espaço aéreo sendo reaberto rapidamente tanto em Israel como na Jordânia, a dúvida que fica é se o Irã jogou para sua plateia desde que Israel decidiu que não toleraria mais os ataques do Hezbollah em favor dos aliados do Hamas, o grupo terrorista palestino cujo ataque ao Estado judeu há quase um ano gerou a anomia na região.
Os Estados Unidos são chave na equação. Fiadores de Israel, os americanos haviam alertado durante a tarde que o ataque era iminente. Agora, ficaram ao lado de Tel Aviv. "Nós alertamos que as consequências seriam severas", disse o assessor de Segurança Nacional de Joe Biden, Jake Sullivan.
Desde que um ataque atribuído a Israel matou o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã no dia 31 de julho, a ação iraniana era esperada. Sua demora passava pelo temor da tréplica israelo-americana, que poderá chegar à instalações do precioso programa nuclear do país.
A tensão geral aumentou bastante com os ataques das últimas duas semanas, que mataram até o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um humilhante golpe contra o Irã. Na segunda (30), o pacote ficou completo com as primeiras incursões terrestres de Israel contra o sul do Líbano, base de lançamento dos foguetes e mísseis dos extremistas.
Logo depois do ataque, a Guarda Revolucionária iraniana disse que dará uma resposta "mais esmagadora e arrasadora" caso Israel responda. "Se o regime sionista reagir às operações iranianas, enfrentará ataques devastadores", afirmou em comunicado.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou a "ampliação do conflito no Oriente Médio, com escalada após escalada". "Isso precisa parar. Precisamos absolutamente de um cessar-fogo," disse.
Biden, por sua vez afirmou que "os EUA estão preparados para ajudar Israel a se defender contra esses ataques e proteger funcionários americanos na região".
A dissuasão pela presenças de dois grupos de porta-aviões dos EUA e vários outros reforços no Oriente Médio tem sido central para que Israel aja de forma quase livre em sua campanha militar atual.
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