Cobras peçonhentas, capivaras, preguiças, tamanduás e até um porco-espinho. O aumento de ocorrências de animais silvestres e peçonhentos nos últimos meses no espaço urbano de Maceió têm preocupado especialistas. Somente nesta quarta-feira (11), uma preguiça foi resgatada em um poste de alta tensão, no Bairro Santos Dumont, na parte alta de Maceió, e uma Jibóia foi capturada dentro de uma residência localizada em Riacho Doce, no Litoral Norte da capital alagoana.
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Veja, abaixo, o momento em que equipes do Batalhão de Polícia Ambiental fizeram o resgate dos animais.
"Nos últimos meses, temos registrado vários desses animais em residências e no espaço urbano de Maceió. Somente nesta quarta tivemos essas duas ocorrências. São animais silvestres, que não estão acostumados com esse tipo de habitat e podem oferecer riscos à população. São animais que, diferente dos domésticos, não podem conviver com seres humanos. É preocupante esse crescimento de ocorrências na parte urbana da cidade", relatou com preocupação o delegado Leonam Pinheiro, titular da Delegacia de Crimes Ambientais.
Para tentar entender o que está provocando esse aumento no registro de animais silvestres e peçonhentos na parte urbana da capital alagoana, a reportagem do TNH1 entrevistou o Biólogo do Instituto Biota de Conservação, Bruno Stefanis. Ele explicou que o adensamento urbano tem contribuído diretamente na migração desses animais para grandes centros urbanos.
"São dois fatores que contribuem para essa migração de animais silvestre e peçonhentos para grandes centros urbanos. O primeiro fator é a perda do habitat, que vem sofrendo pressão pelo adensamento urbano e também em locais que abrigam esses animais. Com isso, eles acabam se deslocando para outros lugares, em busca de um novo habitat. Já o segundo fator que influencia no registro desses animais em grandes centros, principalmente nesta época do ano, é a procura por comida, por alimento. Sabemos que neste período que Maceió recebe uma grande quantidade de pessoas e isso altera a produção de lixo, de descarte de comida. Com isso, esses animais saem do seu habitat e vão em busca de alimento na área urbana", disse o biólogo.
Bruno ainda disse que além do desequilíbrio ambiental, os fenômenos também podem estar ligados ao período de tempo seco. "O período seco também potencializa a migração desses animais para a região urbana. É uma período onde é registrado muitas queimadas e uma baixa oferta de alimentos no habitat natural de tais animais. Isso faz com que eles busquem por alimentos em outros locais. Na área urbana, por exemplo, temos lixões, terrenos baldios, descarte irregular de lixos, e tudo isso pode atrair tais animais", explicou Bruno.
Sobre o manejo desses animais, o biólogo faz um alerta à população. " Ao encontrar com animais peçonhentos ou silvestres, sempre entrem em contato com o IBAMA ou qualquer outro órgão competente. É perigoso tentar manejar esses tipos de animais. Obviamente eles são silvestres, e você pode ser contaminado por alguma doença ou até mesmo ser atacados por eles. Além disso, manejar sem autorização tais animais pode configurar como crime de tráfico de animais", finalizou Bruno Stefanis.
Em caso de encontrar um animal silvestre, ligue para a Polícia Ambiental, o Centro de Controle de Zoonoses, o Corpo de Bombeiros ou a Secretaria Municipal de Saúde. Estes órgãos sabem manejar o animal e vão garantir a segurança de todos.
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