Incra e Ufal apresentam primeiros bachareis em agroecologia formados pelo Pronera no país

Publicado em 11/04/2025, às 16h16
Imagem Incra e Ufal apresentam primeiros bachareis em agroecologia formados pelo Pronera no país

Por Ascom Incra Alagoas

Nessa quinta-feira, 10 de abril, aconteceram as solenidades de colação de grau e formatura de 28 alunos que concluíram bacharelado em agroecologia pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). Os eventos ocorreram na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em Maceió (AL). O Incra financiou o curso, cujas atividades foram realizadas em parceria com a universidade. O investimento da autarquia é de R$ 1.725.200. 
Técnicos e gestores do Incra e da Ufal participaram da colação de grau e formatura, além de familiares dos alunos concluintes do curso. Destinado ao público da reforma agrária, este é o primeiro bacharelado em agroecologia pelo Pronera no Brasil e a primeira graduação direcionada à população do campo em Alagoas. “O Incra tem um importante papel em levar políticas públicas que visam promover a inclusão e a educação do campo”, destaca o superintendente do Incra Alagoas, Júnior Rodrigues, ao citar o Pronera como uma das políticas públicas mantidas pela autarquia. 
Os recursos repassados pelo Incra à Ufal foram empregados em estrutura, logística e apoio acadêmico, como alojamento, alimentação e auxílio financeiro aos estudantes e professores. Os cursos do Pronera têm uma peculiaridade: são organizados sob a pedagogia da alternância, de modo que os estudantes conciliam vida, trabalho e estudos e mantêm o vínculo com a terra. As atividades são concebidas não apenas no ambiente institucional, mas também em campo, nas comunidades onde eles residem.  
O reitor da Ufal, professor Josealdo Tonholo, enfatiza a repercussão coletiva do curso, com a produção de mais alimentos saudáveis nas comunidades onde os agroecólogos da reforma agrária irão atuar. “Essas pessoas irão fazer uma transformação da produção rural, trabalhando com assentamentos para fazerem a produção chegar às nossas mesas”.  
O coordenador do curso, professor Rafael Vasconcelos, salienta a importância do Pronera e do curso como uma importante política pública de inclusão. “É uma turma pioneira também porque grande parte dos estudantes são os primeiros de suas famílias a ingressarem numa universidade. A gente espera que esses profissionais possam fazer a diferença nos seus territórios, levando a agroecologia, uma produção mais sustentável e saudável”.  
Em dezembro de 2024, uma grande conquista para o bacharelado em agroecologia pelo Pronera: o Ministério da Educação (MEC) reconheceu o curso e atribuiu conceito quatro, numa escala que vai até cinco. O anúncio fortaleceu a parceria entre Incra e Ufal, formalizada, para esse curso, em 2017. As aulas foram iniciadas no ano seguinte. Em razão da pandemia, o calendário atrasou, mas foram mantidas atividades remotas ou híbridas.  
Além dos 28 alunos que agora concluíram o curso, mais 10 ainda prosseguem suas atividades acadêmicas. Ao todo, o bacharelado possui uma carga horária de 4.140 horas, distribuída em 10 períodos letivos. 
Formados, os agroecólogos, além de qualificarem suas próprias dinâmicas de produção e comercialização, estão aptos a atuarem em diversos campos, como assistência técnica e extensão rural; desenvolvimento rural sustentável; transição agroecológica; e certificação orgânica. 
Vidas transformadas 
Tiago da Silva é quilombola da comunidade Cajá dos Negros, localizada no município de Batalha (AL), e um dos agroecólogos formados pelo Pronera. Em suas terras, ele já adota práticas agroecológicas no cultivo de alimentos tradicionais, como feijão, milho e hortaliças. Segundo ele, o curso lhe possibilitou o aprendizado teórico e técnico que pretende empregar em prol da coletividade. 
“Quero contribuir com práticas sustentáveis de produção, que respeitem o meio ambiente e fortaleçam a segurança e a soberania alimentar da comunidade. Pretendo estimular o uso de tecnologias sociais, incentivar a organização coletiva e promover a valorização do conhecimento ancestral aliado à ciência”, planeja o agroecólogo.  
Maria Cavalcante, do assentamento Flor do Bosque, situado no município de Messias (AL), frisa a troca de saberes entre os agricultores e a academia e que os profissionais formados serão disseminadores dos novos conhecimentos. “É muito importante para o filho e a filha do assentado trazer esse conhecimento para as nossas bases, as nossas agroflorestas e nossos sistemas agroecológicos. Para nós, é motivo de orgulho”. Cavalcante é produtora orgânica e agroecológica: possui um viveiro de mudas nativas e frutíferas e mantém cultivos variados em seu lote, como laranja, banana, açaí, cupuaçu, hortaliças e Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs).

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