Mais de 100 anos após a primeira partida oficial de futebol feminino no Brasil, e com cada vez mais mulheres ocupando espaços – e brilhando – dentro e fora de campo, o estigma de “coisa de homem” ainda recai sobre o esporte e seu universo. Trazendo às telas experiências opostas, de mulheres que vivem a paixão pelo futebol desde perspectivas diversas, a diretora alagoana Renata Baracho faz o pré-lançamento do filme Impedimento no próximo dia 29 de julho, às 13h30, no Cine Arte Pajuçara, em Maceió.
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A sessão única, antes que o curta-metragem siga para o circuito de festivais, é uma homenagem à Copa do Mundo Feminina e terá entrada gratuita. Após a exibição, haverá uma roda de conversa com a equipe e as personagens do documentário. Com roteiro também assinado por Renata, Impedimento coloca em primeiro plano cinco mulheres e um time feminino alagoano, a partir das suas relações afetivas com o esporte para muito além das quatro linhas do Estádio Rei Pelé.
“Não é só sobre futebol. Seja no campo, na arquibancada, na frente ou por trás das câmeras, como no caso das mulheres que documentamos, é sempre muito mais que isso. As questões que o envolvem vão além do esporte e permeiam importantes temas e problemas da sociedade. O machismo e o preconceito enfrentado pelas mulheres são alguns deles”, explica Renata.
A diretora Renata Baracho (Foto: Ailton Cruz) |
Impedimento registra o ritual de ir ao estádio, o sentimento de pertencimento versus a pressão do ambiente ainda hostil, casos de assédios e, acima de tudo, o amor pelo futebol da regateana Fernanda Lins, jornalista, torcedora apaixonada e conhecedora exímia do esporte; da azulina Amanda Balbino, cientista social membro da Torcida Organizada Azulão Antifascista e do Movimento Feminino de Arquibancada (MFA); e de Charlene Araújo, jornalista esportiva, torcedora e uma das raras vozes femininas na transmissão de jogos no rádio alagoano.
Completam o time de personagens a jornalista e repórter fotográfica Pei Fon, cuja presença em campo nos jogos realizados em Alagoas é familiar do público; Brígida Cirilo, educadora física que fez o curso de arbitragem por necessidade, acabou se apaixonando e hoje faz parte do quadro da Fifa; e a equipe do União Desportiva Alagoana (UDA), que tem a participação na Copa Rainha Marta acompanhada pela produção.
Já a partir do título, que joga com a pergunta incômoda e carregada de preconceito que quase toda mulher amante de futebol já ouviu – o que é impedimento? –, o curta-metragem provoca outros questionamentos. Na terra de Marta, outras mulheres que vivem o futebol também podem ser rainhas? E no “país do futebol”, por que a presença de mulheres jogando ou trabalhando no estádio ainda incomoda?
“Espero que quem estiver nas poltronas do cinema no dia 29 sinta um pouco da emoção que é estar nas arquibancadas do Trapichão para essas mulheres e para qualquer pessoa apaixonada por um time, pelo futebol. Foi lá que o filme surgiu, foi lá que filmamos e é lá o principal palco do futebol no nosso estado. E eu desejo que esses lugares – as arquibancadas, o campo e as funções técnicas – sejam cada vez mais ocupados por mulheres”, pontua a diretora, diretora de fotografia e roteirista Renata Baracho.
Um projeto da Meraki Lab, produtora audiovisual de Renata Baracho, Impedimento teve apoio financeiro do Edital do Audiovisual de 2019 da Prefeitura de Maceió e tem codistribuição do Sebrae Alagoas.
Foto: Amanda Môa / Divulgação |
Serviço - PRÉ-LANÇAMENTO DO FILME IMPEDIMENTO
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