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Marcos Davi Lemos de Melo é médico oncologista, escritor e membro da Academia Alagoana de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas.
Entusiasta da cultura, ele é um dos fundadores do bloco carnavalesco Pinto da Madrugada, que este ano completou este ano 25 anos de desfiles no pré-carnaval de Maceió e se transformou numa referência da divulgação do frevo em Alagoas.
É de Marcos Davi o texto a seguir:
“Muitos são os imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL) que escreveram e escrevem sobre o Carnaval – Rosiska Darcy de Oliveira, Gilberto Gil, Merval Pereira, José Sarney -, mas o Rui Castro é o campeão. Entre eles, o Moacir Sycliar, médico gaúcho e judeu que esteve conosco em uma das bienais do livro.
Segundo Sycliar, Carnaval é coisa antiga, antiquíssima: vem desde o tempo dos romanos, pelo menos. Corresponde às necessidades muito arcaicas, e por isso muito autênticas, do ser humano. Como brincar, dançar, a necessidade de fazer sexo transitório e sem compromisso, assumir uma outra identidade, o que explica as fantasias: no Carnaval proliferam os reis, as rainhas, os palhaços, as colombinas – as máscaras, sobretudo as máscaras. A pessoa deixa de ser o que ela é, muda-se para o planeta de sua imaginação. É claro que, com tudo isso, o Carnaval teria mesmo de ser seguido por um dia sombrio, a Quarta-feira de Cinzas.
Mas será que precisa ser assim? Será que podemos, uma vez que o Carnaval é a festa da inversão do conceito? Será que podemos, senão transformar o ano inteiro num grande Carnaval, ao menos incorporar um pouco de espírito carnavalesco para o nosso cotidiano?
Não é tão difícil assim. A primeira coisa que precisamos nos dar conta é que ser sério não significa ser mal-humorado. Claro, todos nós temos problemas, e alguns são bem graves, mas será que ajuda aumentar a carga desses problemas com um péssimo estado de espírito? Não estou sendo ingênuo e usando a ingênua e tola frase ‘Sorria, e o mundo sorrirá com você’, tão frequente nos livros de autoajuda e nos best-sellers. Não, é dar-se conta de que temos, dentro de nós, uma reserva de energia, de espírito para melhorar a nossa existência. Uma reserva que às vezes usamos sem saber.
O pai ou o avô que brinca com o filho ou neto mesmo depois de um dia difícil sentir-se-á melhor e revigorado. Vamos aproveitar as oportunidades e os momentos de alegria que surgirem, se possível com a família e os amigos. Isso nos ajudará a enfrentar as futuras adversidades.”
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