Um motociclista morreu após ser atingido por um Porsche na madrugada desta segunda-feira (29), na avenida Interlagos, na zona sul de São Paulo.
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De acordo com a Polícia Militar, testemunhas disseram que o motociclista teria batido no retrovisor do carro de luxo e o condutor discutido com ele momentos antes da batida.
O empresário Igor Ferreira Sauceda, 27, que dirigia o Porsche, afirmou à polícia que voltava do trabalho, quando o motoboy Pedro Kaique Ventura Figueiredo, 21, chutou e quebrou o retrovisor esquerdo do seu carro e foi embora.
Sauceda afirmou, segundo o registro policial, que seguiu o motoboy pela avenida Interlagos e na altura do número 7530, Figueiredo mudou de faixa abruptamente e entrou na frente do veículo. Ele alega que tentou desviar para a direita, mas não conseguiu e atingiu a traseira da moto. Com o impacto, a moto e o Porsche bateram ainda em uma árvore e em um poste.
O empresário afirmou que não sabe o motivo que teria levado o motociclista a atingir o retrovisor do carro, mas diz ter achado a "atitude suspeita", já que dias antes, na mesma região, jogaram um objeto na pista para que ele fosse obrigado a parar com o carro.
O empresário estava com a namorada no veículo e conseguiram sair do carro com ajuda de pessoas que passavam pelo local. Ele aguardou no local do acidente a chegada da polícia. A namorada, de 24 anos, teve ferimentos nas mãos em razão dos estilhaços.
Já Figueiredo foi socorrido em estado grave pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital Grajaú, onde morreu.
De acordo com o boletim de ocorrência, o empresário foi submetido ao teste do bafômetro, que deu negativo. Ele presta depoimento na manhã desta segunda no no 48° DP (Cidade Dutra).
O advogado Roberto Guastelli, que defende a família do motoboy, afirmou que o delegado avalia se houve dolo na ação e se o empresário deve ser preso em flagrante.
Na delegacia, o pai do motociclista, Alex Russo Figueiredo, disse estar revoltado com a morte do filho.
"Queria saber por que ele fez isso? Por mais que ele quebrou o retrovisor ou algo do tipo, não justifica ele ter tirado a vida do menino. A vida vale um retrovisor? Ele vai poder voltar atrás e trazer meu filho lá pra dentro de casa? Meu filho está deitado dentro do necrotério e eu não posso fazer nada", declarou.
"Eu estou tentando ser forte, estou sem chão. A ficha não caiu. A gente cria filho para ver ele prosperar na vida, a gente não espera que amanhã ou depois vai acontecer algo desse tipo. Meu sentimento é de revolta", completou.
O avô do motociclista, Pedro Paulo de Figueiredo, pediu por justiça.
"Ele era um menino sossegado, amável, trabalhador. Trabalhava com o pai dele no transporte escolar, mas há uns cinco meses saiu e começou a trabalhar como motoboy. Era casado, com um filho de dois anos. Trabalhando para fazer a vida. Nessa hora a única coisa que a gente espera é justiça porque essa gente porque tem dinheiro acha que pode tudo", disse o avô.
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