O desemprego deixado pela crise econômica, aliado à formalização trazida pela nova legislação trabalhista, fizeram o brasileiro enxergar as oportunidades do próprio negócio no modelo de trabalho em casa, o chamado home office, ou teletrabalho. Segundo pesquisa da empresa de tecnologia Citrix, até 2020, quase 90% das corporações devem oferecer aos funcionários alguma modalidade de trabalho à distância.
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Agora regulamentado, o home office só tende a ganhar importância e a crescer. Segundo o IBGE, cerca de 15 milhões de brasileiros trabalham em casa, atualmente. Um contingente da população economicamente ativa que começa a despertar para uma necessidade premente para quem monta uma estrutura profissional para trabalhar em casa: a cobertura do seguro. E nessa esteira, o mercado segurador e a população começam a enxergar a importância do chamado “seguro home office”. Uma medida que pode evitar prejuízos, e que agora começa a ter a cobertura ampliada, incluindo até pagamento de aluguel caso algum sinistro impeça o acesso do segurado à sua residência (ambiente de trabalho).
Na verdade, o que se chama de seguro home office é na verdade uma cobertura opcional para quem contrata o seguro residencial. A importância do home office é que o seguro residencial não cobre bens destinados a atividades profissionais, como equipamentos e outros. Ou seja, se um incêndio atinge sua casa e você perde os equipamentos de seu escritório, o seguro não necessariamente cobriria essa parte dos danos.
O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
A atualização da legislação trabalhista brasileira, em vigor desde novembro do ano passado, regulamentou a atividade de home office. Para isso, a reforma trabalhista criou o Capítulo II-A da CLT. A normatização aborda questões como jornada de trabalho, onde o trabalhador não fica submetido ao registro do ponto, porém não faz jus a horas extras. Clique aqui e veja a nova legislação na íntegra.
Arte: TNH1 / Carlysson Oliveira |
CUSTOMIZAÇÃO DO SEGURO RESIDENCIAL AMPLIA COBERTURA PARA HOME OFFICE
Os números do mercado de trabalho no modelo home office já despertaram a atenção do mercado segurador. Algumas empresas já trabalham com pacotes de seguro customizados especificamente para esta modalidade.
Atualmente quem possui o seguro residencial com o home office incluso tem coberturas contra sinistros como incêndios, raio e explosão e danos elétricos.
Já nos "pacotes" ampliados, as seguradoras incluíram situações que são muito comuns para quem trabalha em casa, mas que não estavam incluídas no seguro residencial. Uma delas é o pagamento de aluguel em casos de impedimento de acesso à residência. Outro item que chama atenção é a garantia de descarte responsável, que providencia a retirada e descarte correto de móveis, eletroeletrônicos, eletrodomésticos e entulho de pequenas obras e reformas (veja no quadro abaixo).
EXPECTATIVAS - O corretor e diretor do Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de Alagoas (Sincor-AL), Ailton Júnior (foto abaixo), que trabalha com seguro residencial há 24 anos, acredita que a regulamentação deve fomentar a procura pela cobertura do home office. Mas ele faz um alerta: os clientes, equivocadamente, acreditam que o home office está incluído automaticamente na modalidade residencial.
“Com certeza, com a regulamentação do trabalho home office e o desemprego, a tendência é que a procura por esse tipo de seguro aumente. Algumas seguradoras já fizeram a inclusão da cobertura do trabalho em casa no seguro residencial, inclusive seguradoras aqui em Alagoas”, alerta ele.
“A tendência é de aumento na procura, mas os clientes ainda precisam tomar consciência dessa situação, pois a maioria acredita que o seguro residencial cobre tudo”, diz Ailton.
Ailton Junior, corretor: seguradoras começam a despertar para o seguro home office (Foto: ascom Sincor-AL) |
CORRETORES ATENTOS - Segundo o diretor do Sincor-AL, a expectativa de crescimento da procura por seguro residencial com o home office incluso conta com o preparo da maioria dos corretores para trabalhar na oferta.
“A grande maioria [dos corretores] está ‘antenado’, apesar de que aqui em nosso Estado, esta demanda [por seguro residencial] ainda seja pequena”, pontuou, ressaltando: "Mas para isso, é necessário que se procure um corretor habilitado, para evitar equívocos”, completou.
SEGURO RESIDENCIAL: COBERTURA EM ALAGOAS AINDA É BAIXA
Segundo dados da Susep (Superintendencia de Seguros Privados), divulgados no último Congresso Nacional de Corretores, em outubro de 2017, somente 3% das residências de Alagoas têm cobertura de seguros residenciais. Enquanto nas regiões Sul e Sudeste essa porcentagem varia de 15% a 20%.
O engenheiro paraibano Wenner Glaucio (foto abaixo),que mora em Alagoas há mais de 20 anos, ilustra essa baixa adesão ao seguro residencial detectada pela Susep. Wenner, que faz parte de seu trabalho em casa, mantém em dia seguros auto e seguro de vida, dos funcionários, mas ainda não aderiu ao seguro residencial.
“Eu tenho habitualmente seguro auto e também o seguro de vida de funcionários que são contratados por tempo indeterminado, pelo princípio da precaução, mas não tenho seguro residencial ou home office por morar em condomínio fechado. Além disso, acredito que não há a cultura de fazer seguro residencial. Não tenho nenhum amigo que tenha feito essa modalidade de seguro”, constata.
Mas as seguradoras alertam que a carteira de seguro residencial também possui planos para apartamentos, até porque o condomínio não cobre prejuízos por sinistros como incêndio, por exemplo.
Wenner Glaucio: legislação recente de home office ainda proovoca dúvidas (Foto: Erik Maia/TNH1) |
“A regulação das contratações de funcionários em regime de home office saiu recentemente. Ainda há muitas duvidas, por exemplo, se eu contratar um consultor nessa modalidade, se a casa dele incendiar, o que a contratante tem haver com esse incêndio? É uma coisa que está muita aberta ainda”, questiona. Wenner alerta que a regulamentação recente do trabalho em home office ainda suscita dúvida, o que também precisa ser esclarecido para alavancar a adesão à modalidade.
E QUANTO CUSTA?
A pedido do TNH1, o consultor de seguros Bruno Conrado mensurou o custo do investimento em um seguro residencial, incluindo a modalidade home office.
Conrado avalia que o investimento na apólice é baixo, quando comparado ao valor do bem segurado e dos equipamentos geralmente usados para trabalho em casa como computadores e outros eletrônicos.
“Por exemplo, um imóvel entre 500 e 600 mil reais, Com equipamentos eletrônicos até mais potentes dos de uso doméstico, fazendo-se uma apólice bem completa, deverá ter um custo anual de cerca de 600 reais, isso diluído durante 12 meses você teria um custo mensal de apenas 50 reais”, calculou o consultor.
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